A associação ambientalista ZERO detetou durante a noite que o ruído causado pelos aviões ultrapassou o valor permitido em 11 decibéis e o número de voos registados foi, durante este período, superior ao valor diário previsto.

A campanha “DÉCIBEIS A MAIS, O INFERNO NOS CÉUS” começou esta quinta-feira as medições pelas 17h00, o que permitiu obter informação sobre o período noturno, informou a ZERO num comunicado esta sexta-feira.

À Rádio Observador, Francisco Ferreira, da Zero, explica que os resultados verificados durante este período mostram que a lei não está a ser cumprida. Já Daniel Ferreira, que trabalha no Campo Grande — uma das zonas mais afetadas pelo ruído — conta que muitas vezes nem uma chamada telefónica consegue fazer. “Mesmo que nos habituemos, o nosso cérebro percebe que há aviões a passar. E isso é um fator de stress e de incómodo”, afirma, como pode ouvir nesta reportagem:

Reportagem radiofónica sobre o ruído causado pelos aviões

O equipamento “devidamente homologado e certificado” detetou que o ruído previsto na lei foi ultrapassado em 11 decibéis (dB), “tendo sido registado um valor de 66,5 dB”.

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Também se verificaram incumprimentos quanto ao número de partidas e chegadas, uma vez que se detetaram 28 voos entre as 00h00 e as 6h00, período em que não é “suposto ocorrer qualquer movimento aéreo no Aeroporto de Lisboa”.

O número registado excede os 26 movimentos previstos por dia pelo regime de exceção, criado em 2004.

“Estes resultados preliminares permitem constatar desde já que há uma violação clara da legislação do ruído e do próprio regime de exceção do Aeroporto de Lisboa”, lê-se no comunicado.

A ZERO informou ainda que vai exigir um inquérito e a penalização da ANA pelos incumprimentos verificados.

A campanha que tem como objetivo alertar e sensibilizar para o ruído dos aviões termina às 7h00 de sábado.