A junta militar no Sudão e os líderes do movimento de contestação chegaram esta sexta-feira a acordo sobre o período de transição política, aceitando um poder partilhado entre militares e civis, após meses de tensão.

As duas partes acordaram estabelecer “um conselho soberano rotativo entre militares e civis, por um período de três anos ou um pouco mais”, anunciou, em conferência de imprensa, o mediador da União Africana (UA), Mohamed Hassan Lebatt.

A oposição sudanesa aceitou retomar as negociações com os militares na quarta-feira, em Cartum, um mês após a rutura causada pela remoção violenta de um acampamento de manifestantes na capital, que provocou mais de uma centena de mortos.

Graças à mediação da Etiópia e da União Africana (UA), as duas partes chegaram finalmente a acordo sobre o seu principal ponto de divergência: a liderança do “Conselho Soberano”, o órgão que deve supervisionar o período de transição política.

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Não são conhecidos ainda os detalhes do acordo, mas segundo a proposta dos mediadores, o “Conselho Soberano” deverá inicialmente ser presidido por um militar durante 18 meses, antes de um civil assumir o comando até ao final da transição.

Os mediadores da Etiópia e da UA tinham reunido, na segunda-feira, separadamente, com a junta militar e com a oposição, numa tentativa de aproximar as posições das partes no sentido da formação de um governo transitório que assuma o poder deixado pela queda do antigo Presidente sudanês Omar al Bashir, destituído no passado dia 11 de abril.

As negociações entre a junta militar e as Forças da Liberdade e Mudança tinham falhado no início de junho, depois da remoção violenta do acampamento de protesto em frente ao quartel-general das Forças Armadas em Cartum e da ação de repressão que se seguiu nas ruas da capital sudanesa, em que morreram mais de uma centena de pessoas, de acordo com a oposição.