Sem surpresas. O Bloco de Esquerda anunciou esta tarde os primeiros candidatos do partido às eleições legislativas de outubro. A líder, Catarina Martins, vai encabeçar a lista do círculo eleitoral do Porto e Mariana Mortágua será a número um por Lisboa, imediatamente seguida por Pedro Filipe Soares. O anúncio foi feito pela coordenadora do partido, na tarde deste sábado, num hotel de Lisboa, onde a Mesa Nacional do BE esteve reunida ao longo do dia para aprovar os primeiros candidatos do partido e o programa eleitoral.

Os principais rostos do partido no Parlamento surgem todos em lugares elegíveis. Trata-se de uma lista que aposta sobretudo na continuidade e que reforça a linha de Catarina Martins, afastando os mais críticos e colocando nos seus lugares candidatos mais próximos da líder. Assim, são poucas — e cirúrgicas — as novidades nas listas do BE em relação aos eleitos de 2015.

Uma delas é a número três do círculo eleitoral de Lisboa: Beatriz Gomes Dias, natural do Senegal, fundadora da Associação portuguesa de Afrodescendentes e ativista pelos direitos dos negros em Portugal. Completam os lugares cimeiros da lista de candidatos pela capital Jorge Costa, Isabel Pires e Jorge Falcato, que segue num perigoso sexto lugar — o partido em 2015 elegeu cinco deputados por este círculo. O bloquista Fabian Figueiredo, que foi candidato pelo partido à Câmara de Loures em 2017, segue em sétimo.

Outra novidade é o médico Bruno Maia, que segue em quinto lugar pela lista do Porto — um lugar considerado elegível, já que há quatro anos o partido colocou cinco deputados no Parlamento pelo círculo do Porto. Ao longo desta legislatura, Bruno Maia surgiu várias vezes em iniciativas do Bloco de Esquerda e ganhou algum relevo por ser uma das vozes do partido durante a campanha pela legalização da morte medicamente assistida. No seio do partido, a ideia de colocar o médico bloquista nas listas há muito que vinha sendo congeminada mas só agora se concretizou. Entre a cabeça de lista e Bruno Maia seguem os deputados José Soeiro, Luís Monteiro e Maria Manuel Rola.

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Uma das dúvidas que existiam antes da Mesa Nacional prendia-se com o cabeça-de-lista de Santarém. Há quatro anos, o partido elegeu Carlos Matias, da Via Esquerda — uma corrente interna do partido crítica da atual direção —, que voltou a ser indicado pela Assembleia Distrital para ser o número um por Santarém em outubro. No entanto, a direção preferia afastar o deputado e colocar a ativista pelos direitos das mulheres e das crianças Fabíola Cardoso. Segundo os estatutos, a palavra final cabe à Mesa Nacional, que neste caso votou duas listas: uma proposta pela direção do partido, encabeçada por Fabíola Cardoso, e a segunda proposta pela assembleia distrital de Santarém, encabeçada por Carlos Matias. Venceu a lista da direção com 49 votos. A lista da distrital ficou-se pelos 14 votos e houve ainda três abstenções.

No círculo eleitoral de Braga o partido já tinha decidido nomear José Maria Cardoso para o lugar de Pedro Soares, crítico de Catarina Martins que lidera a Via Esquerda e vai deixar o Parlamento no fim da atual legislatura. Em Leiria também houve mexidas: saiu o deputado Heitor de Sousa e entrou para número um o engenheiro agrónomo Ricardo Vicente, de 35 anos, associado ao movimento “Peniche livre de petróleo”.

Já em Viseu, Bárbara Xavier, de 26 anos, psicóloga e especialista em igualdade de género, vai encabeçar a lista, sendo assim a cabeça-de-lista mais jovem do partido.

O restante elenco segue sem surpresas: em Coimbra a lista do partido será encabeçada por José Manuel Pureza, em Setúbal por Joana Mortágua e Sandra Cunha, em Faro João Vasconcelos e em Aveiro Moisés Ferreira.

O Bloco de Esquerda aprovou ainda o programa eleitoral do partido e apresenta este domingo, em Lisboa, o programa económico do partido para as legislativas de outubro.