De regresso à Volta a França em bicicleta, o experiente Rui Costa (UAE-Emirates) assumiu que gostava de ganhar uma etapa para juntar às três que colecionou em edições anteriores, prometendo estar na luta a partir do sexto dia.

“É sempre muito bom estar de regresso ao Tour. É um evento que todos sabemos que é muito importante, é o mais emblemático do ciclismo, à parte do Mundial [de Estrada]. Poder estar aqui novamente é muito bom”, confessou à agência Lusa em Bruxelas, a poucas horas de iniciar a sua nona participação na prova francesa.

Após ter falhado a edição de 2018 por lesão, interrompendo a série de oito presenças consecutivas, o mais bem sucedido português na história mais recente do Tour não esconde que, além da missão que lhe foi confiada pela equipa — a de ser a sombra de Daniel Martin nas primeiras etapas -, sonha com acrescentar uma nova linha ao seu currículo, que já conta com três vitórias na ‘Grande Boucle’ (duas em 2013, o ano em que se sagrou campeão mundial de fundo, e uma em 2011).

“Por já ter ganho, as pessoas que me seguem querem que volte a ganhar. Sem dúvida que também tenho esse desejo e gostava de voltar a ganhar no Tour. É sempre muito complicado, mas gostava de dar essa alegria a todos os portugueses”, reconheceu.

Sem querer especificar quais são as etapas que tem em mente para a sua demanda, até porque “cada vez é mais difícil entrar nas fugas [da Volta a França], principalmente naqueles dias em que quase se sabe que a fuga chega” e “nem sempre” é possível estar na frente nos dias planeados para o estar, Costa sublinhou que as “oportunidades serão muitas”, “a partir já da sexta etapa”.

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No entanto, o português da UAE-Emirates sabe que a tarefa será complicada, pese embora a sua capacidade para ler a corrida seja um ‘trunfo’ ao seu dispor.

“É muito importante ter uma boa leitura de corrida, ainda mais hoje em dia, porque as forças são mais equilibradas e tens de jogar muito no sentido do que é o perfil da corrida na parte final. Ter tática, ou leitura de corrida, ajuda. Também é certo que alguns corredores que entram nas fugas, que dão garantias de poder ganhar, são sempre mais controlados. No fundo, juntando dois, três corredores [fortes], a marcação é cerrada, e a vitória é mais difícil de sair”, alertou.

Dizendo sentir menos nervosismo do que em anos anteriores, o poveiro de 32 anos espera, contudo, que os primeiros dias da 106.ª edição sejam particularmente ‘stressantes’, uma vez que o pelotão vai dar as primeiras pedaladas em território belga, “onde as estradas são muito estreitas, não há aquelas estradas largas” que permitem aos ciclistas estar mais à vontade.

“Devido à minha experiência deram-me a tarefa de ter o Daniel Martin sempre bem colocado nestas primeiras etapas, fora do perigo que costumam trazer”, indicou, explicando que na parte inicial do Tour irá ajudar o irlandês “com dificuldades como o vento, ou situações de corrida que podem acontecer devido a quedas”, de modo a que o chefe de fila da equipa não fique ‘cortado’ do grupo de favoritos e sofra perdas de tempo na geral individual.

Na sua missão, Costa terá de estar atento aos outros favoritos, ainda mais quando aquele que foi o ‘patrão’ da prova francesa nos últimos anos está ausente por lesão.

“O Chris Froome é um líder que nós sabemos que quando aponta raramente falha, só se for por outros problemas, como quedas ou algo do género. Mas este ano acredito que o Tour vai ficar muito mais aberto. Claro que há corredores como o [Egan] Bernal, que na [Volta à] Suíça já demonstrou estar muito forte e que certamente será um daqueles a que todos os outros líderes estarão atentos e será difícil de bater”, avaliou.

Questionado sobre se considera o colombiano de 22 anos mais favorito à vitória final do que Geraint Thomas, o campeão em título e o outro líder da INEOS, o português prognosticou: “Vai ser um lindo Tour para ver na televisão”.