A pintora Paula Rego doou 28 obras de gravura ao acervo da Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, revelou esta segunda-feira à agência Lusa a coordenadora da programação e conservação desta instituição, Catarina Alfaro.

Algumas dessas gravuras irão ser mostradas na exposição “Olhar para Dentro”, que reúne 60 anos de produção de obra gráfica de Paula Rego, com cerca de 200 peças, que será inaugurada na quinta-feira, na Casa das Histórias, em Cascais.

De acordo com a Fundação D. Luís I, que organiza a mostra com a Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do “Bairro dos Museus”, a exposição é inaugurada no dia 11 de julho, às 18h30, e ficará patente até 17 de novembro, na Casa das Histórias Paula Rego.

Com curadoria de Catarina Alfaro, a exposição apresentará entre desenhos preparatórios para a execução das gravuras, chapas de cobre e trabalhos mais recentes, e menos conhecidos.

“Olhar para Dentro” inclui doações da artista, que decidiu completar a coleção da sua obra gráfica pertencente à Câmara Municipal de Cascais, à Fundação D. Luís I e à Casa das Histórias Paula Rego.

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Contactada pela Lusa, Catarina Alfaro sublinhou que esta doação “é extremamente importante, porque é a maior entregue desde a doação feita para abrir o museu Casa das Histórias Paula Rego, em 2009”, já que a artista portuguesa radicada em Londres tem vindo a fazer doações pontuais.

“São 28 obras de gravura de vários períodos criativos da artista, nomeadamente de séries como ‘Mutilação Genital Feminina’, ‘Life Room’ e ‘Dama de Pé de Cabra'”, precisou a programadora, conservadora e curadora da exposição, que é inaugurada na quinta-feira.

Entre outras temáticas, a exposição “Olhar para Dentro” revela ainda o gosto de Paula Rego pelo universo da literatura tradicional infantil através de um conjunto de gravuras inspirado em cantigas e rimas de berço inglesas, que a artista conhece desde a infância, aquando da sua educação no colégio inglês St. Julian’s School, em Carcavelos.

Nascida em Lisboa, Paula Rego, que completou 84 anos em janeiro deste ano, começou a desenhar ainda em criança, e partiu para a capital britânica com apenas 17 anos, para estudar na Slade School of Fine Art.

Em Londres conheceu o marido, o artista inglês Victor Willing, falecido em 1988, cuja obra Paula Rego já mostrou por várias vezes no museu Casa das Histórias, em Cascais, que detém um importante acervo de obras da autora.

Nas últimas décadas, a pintora tem abordado temas políticos, como o abuso de poder, e sociais, como o aborto, entre outros do universo feminino. Em 2010, foi nomeada Dame Commander of The Order of the British Empire pela Coroa Britânica, pela sua contribuição para as artes. Em 2016 recebeu a medalha de honra da cidade de Lisboa.

Paula Rego está representada em várias das mais importantes coleções públicas europeias, em museus e em prestigiadas exposições, em todo o mundo.