Na Califórnia, todos lhe chamam Big One. Quem vive naquele estado norte-americano, Oeste dos Estados Unidos, tem de ter as pazes feitas com os abalos sísmicos, que frequentemente afetam aquela parte do globo terrestre. E os californianos sabem que a qualquer momento o Big One pode chegar — um terramoto como o de 1906, magnitude 8.0 na Escala de Richter, que durou um minuto e trinta segundos e matou milhares de pessoas em São Francisco. A semana passada, a Califórnia, em Ridgecrest, foi sacudida em dois dias seguidos por abalos de grande magnitude (já para não falar das quase 300 réplicas): na quinta-feira foi de magnitude 6,4 graus, no dia seguinte de 7,1. Um maior pode estar a caminho, dizem os geólogos.

E essa é a questão que paira sobre os moradores da Califórnia: pode vir aí um maior? Segundo o Serviço Geológico dos EUA a resposta é afirmativa, mas não na zona de São Francisco, norte da Califórnia. Depois do grande abalo de 1906 consideram pouco provável que ocorra outro ali. O mesmo não se pode dizer do sul da Califórnia, onde o chão tem tremido nos últimos dias.

De acordo com a previsão atual, durante a semana que teve início a 6 de julho, “há 2% de probabilidade de uma ou mais réplicas terem magnitude superior a 7,1 e é também provável que que haja terramotos mais pequenos durante a próxima semana de magnitude 3 ou mais alta”, lê-se no site do Serviço Geológico dos EUA. Fica ainda um alerta: o número de réplicas diminuirá ao longo do tempo, mas uma réplica de grandes dimensões poderá aumentar o número de abalos novamente.

Com o pedido de atenção, fica também a ressalva: por enquanto não é possível prever com 100% de certeza quando é que um sismo vai ocorrer. Por isso, precaução é a palavra de ordem, até porque o sismo registado na sexta-feira passada foi o mais forte dos últimos 20 anos naquela região.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Normalmente, a maior réplica para um terramoto de 7,1 é de magnitude 6”, explicou Lucy Jones, uma das maiores especialistas norte-americanas em sismos, ao Los Angeles Times, dizendo que, apesar disso, uma réplica de 6,4 não surpreende os especialistas e que o próximo até poderá ser mais forte.

Opinião idêntica tem Mark Ghilarducci, dos Serviços de Emergência da Califórnia. “Isto não é algo que vá ficar por aqui”, disse, em tom de alerta. Pelo caminho, todos os especialistas dizem o mesmo: a população deve conhecer as regras de segurança e levá-las a sério em caso de terramoto.

A instabilidade sísmica na Califórnia tem origem na falha de Santo André,  situada no encontro de placas tectónicas que se movimentam ao longo daquele estado.