O primeiro-ministro, António Costa, faz um “balanço positivo” da legislatura, mas avisa os partidos à esquerda do PS de que, durante a campanha eleitoral, cada um seguirá o seu caminho e “puxará a brasa à sua sardinha”. Apesar dos entendimentos da chamada ‘geringonça’, agora “o PS também tem de fazer pela vida”.

“Todos os dias ouvimos o Bloco de Esquerda e o PCP a dizerem que tudo o que aconteceu de bom foi graças a a eles — e apesar do PS! E que tudo o que aconteceu de mau foi por culpa do PS. Toda a gente acha normal. Mas quando o PS reage, lá estão os socialistas a serem injustos e ingratos e a quererem dramatizar e a ambicionar a maioria absoluta, para se libertarem dos seus parceiros. Ora, chegámos a uma fase do calendário político em que, inevitavelmente, cada um puxará a brasa à sua sardinha… E o PS também tem de fazer pela vida”, defende o primeiro-ministro, em entrevista à Visão.

Ainda assim, António Costa não fecha a porta a novos acordos, no futuro. “Depende da vontade dos eleitores, em primeiro lugar, e da vontade política de cada partido.” Sobre uma nova ‘geringonça’? Só depois de outubro se verá “quais as propostas que os partidos têm a apresentar e qual o grau de convergência possível”. O primeiro-ministro reconhece que houve cedências das três partes ao longo da legislatura, mas deixa outros avisos aos partidos à esquerda.

Por um lado, sobre o chumbo ao diploma dos professores espera que “quem se preparava para cometer esse erro não tenha, agora em campanha eleitoral, a tentação de o repetir, fazendo promessas da mesma natureza”. Depois, há a legislação laboral, parada na Assembleia da República há mais de um ano “devido à oposição do PCP e do BE”. “A pior atitude que se pode tomar, quando se quer alterar uma legislação, é impossibilitar qualquer mudança, só porque não é maximalista.”

António Costa, ainda que otimista (o país “tem problemas hoje menores do que há quatro anos”), diz que Portugal “não está num caos, nem é um país cor de rosa”. E vira-se para a Função Pública, sugerindo que podem estar à vista aumentos salariais. “O Estado vai ter de rever a sua política remuneratória, senão será incapaz de conseguir contratar e reter os quadros mais qualificados”, sublinha.

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