A gigante Google admitiu na passada quinta-feira que os seus funcionários têm acesso às gravações feitas pelo sistema de inteligência artificial Google Assistant. A revelação surge depois de algumas gravações em alemão terem sido divulgadas, conta o jornal britânico The Guardian. David Monsees, gestor de produto da Google escreveu no blogue da empresa que a gigante tecnológica está a investigar o que se passou.

“Parte do nosso trabalho de desenvolvimento da tecnologia de discurso em diversas línguas inclui parcerias com especialistas em linguagem pelo mundo todo que percebem as nuances e sotaques de um idioma em específico. Estes especialistas reveem e transcrevem um pequeno conjunto de intervenções para nos ajudar a melhor compreender todos estes idiomas. Esta é uma parte crítica do processo de desenvolvimento da tecnologia de discurso e é precisa para criar produtos como o Google Assistant. Soubemos recentemente que um desses revisores violou as nossas políticas de proteção de dados ao divulgar conteúdo áudio. As nossas equipas de segurança e privacidades foram logo ativadas, estão a investigar o que se passou e vão agora. Estamos a orientar uma revisão completa das nossas proteções neste espaço para prevenir que desvios como este aconteçam novamente”, lê-se no blogue.

As gravações foram obtidas pela emissora pública belga VRT NWS, que analisou mais de 1.500 ficheiros áudio e descobriu que 153 deles foram capturados acidentalmente.

À publicação Wired, uma porta-voz da Google disse que os trabalhadores da empresa apenas têm acesso a 0,2% das gravações, as quais são transcritas, sendo que existe cuidado em manter o anonimato de todos os intervenientes. A reportagem em causa encontrou, no entanto, informação identificável nos ficheiros áudio que foram analisados, desde moradas a discussões familiares ou o nome dos netos de alguns utilizadores dos aparelhos.

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A Google Assistant é ativada quando se diz “Ok Google” e, tal como a Alexa, da Amazon, a voz predefinida é feminina e responde a perguntas e a alguns desafios propostos pelo utilizador — como passar música ou dar conta das notícias.

A tecnológica norte-americana diz que os seus colaboradores ouvem as gravações de maneira a melhor compreender alguns padrões linguísticos e acentos. As gravações, esclarece a mesma, podem ser usadas pela empresa, segundos os termos de utilização, algo que pode ser desligado — mas dizem que, ao fazê-lo, a assistente perde muito do seu toque pessoal.

O The Guardian escreve ainda que as gravações em causa podem não estar em concordância com o Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia, em vigor desde maio de 2018.