O Presidente da República considerou este sábado que o Ministério Público (MP) deve investigar e saber tudo “de alto a baixo” sobre o furto de armas em Tancos, “doa a quem doer”.

“Eu, desde a primeira hora, achei que o MP devia querer saber tudo, de alto a baixo, doesse a quem doesse. Deve saber tudo e deve investigar tudo, porque é uma realidade e, quanto mais depressa, melhor, porque já lá vão dois anos sobre essa realidade”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado falava aos jornalistas à margem do I Congresso Mundial de Redes da Diáspora Portuguesa, no Porto, depois de o semanário Expresso avançar este sábado que o MP quer saber o que sabia a casa militar da Presidência sobre o caso de Tancos e ouvir o general João Cordeiro, ex-chefe da casa militar.

Segundo o Expresso, o MP está a seguir uma pista sobre o ex-chefe da Casa Militar, o ex-conselheiro de Marcelo, general João Cordeiro que deixou Belém, “por motivos pessoais”, um mês depois da descoberta do arsenal militar que foi roubado. Uma das tarefas da Casa Militar do Presidente da República é a de estar em permanente contacto com as estruturas da Defesa Nacional, como a Polícia Judiciária Militar.

Dois anos depois, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que os portugueses querem saber, de facto, como é que aconteceu aquele desaparecimento de armas, quem furtou, em que condições, quais foram as cumplicidades, se houve cumplicidades internas ou externas e, depois, como é que foi o reaparecimento das armas e se está relacionado ou não com o seu desaparecimento.

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Caso Tancos. Atual e ex-diretor de investigação criminal da GNR constituídos arguidos

No início deste mês, o anterior ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, foi constituído arguido no processo que investiga o furto de material militar dos paióis de Tancos, no distrito de Santarém, divulgado pelo Exército em junho de 2017, e a operação da Polícia Judiciária Militar de recuperação do material furtado, realizada sem o conhecimento da Polícia Judiciária, que era titular do processo.

Em comunicado enviado à agência Lusa, Azeredo Lopes considerou que a condição de arguido, apesar de garantir mais direitos processuais, é “absolutamente inexplicável”, tendo em conta que o seu envolvimento no processo “foi apenas de tutela política”.

O relatório da comissão parlamentar de inquérito sobre o caso de Tancos, aprovado em plenário no dia 03 de julho por PS, BE e PCP, com votos contra de PSD e CDS-PP, exclui qualquer responsabilização direta de Azeredo Lopes e do primeiro-ministro, António Costa.

Nas conclusões, sustenta-se que “não ficou provado” que tenha havido interferência política na ação do Exército ou na atividade da Polícia Judiciária Militar, mas considera-se que o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, “secundarizou” o conhecimento que teve de “alguns elementos” de um memorando sobre a recuperação do material furtado.