O petroleiro iraniano retido pelo Reino Unido perto de Gibraltar, no passado dia 4, por suspeitas de se dirigir para a Síria, será libertado se o Irão der garantias sobre o seu destino, garantiu este sábado o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jeremy Hunt.

Na rede social Twitter, o governante avançou que teve uma “conversa construtiva” com o homólogo iraniano, Mohammad Javad Zarif. “Assegurei-lhe que a nossa preocupação era o destino e não a origem do petroleiro Grace 1, e que o Reino Unido facilitaria a sua libertação se tivermos garantias de que não teria como destino a Síria”, escreveu.

O petroleiro foi detido a 4 de julho por suspeitas de se dirigir para a Síria, o que violaria as sanções da União Europeia contra o regime de Bashar al-Assad. O Irão negou a acusação e apelidou a decisão do Reino Unido como um ato de “pirataria”.

Na mesma publicação, Jeremy Hunt acrescentou que Mohammad Javad Zarif se mostrou disponível para resolver o impasse e que “não procurava agravar” o problema. O ministro disse que falou ainda com Fabian Picardo, o chefe de Governo de Gibraltar, “que está a fazer um trabalho excelente a coordenar o problema e partilha a visão do Reino Unido sobre o caminho a seguir”.

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Um “jogo perigoso”

Um destacamento de cerca 30 membros da Marinha Real britânica foi chamado pelo governo de Gibraltar, no dia 4 de julho, para ajudar a polícia daquele território britânico a deter um petroleiro, segundo a BBC. De acordo com as autoridades, havia evidências de que o navio transportava petróleo para uma refinaria na Síria, que está sujeita às sanções da União Europeia. O petroleiro tem 330 metros de comprimento.

O supremo tribunal de Gibraltar autorizou a imobilização do navio durante 14 dias, até 19 de julho, uma autorização que pode ser prolongada para 90 dias, no total. O capitão e três oficiais foram libertados na sexta-feira. 

Tensão no Estreito de Ormuz: navio de guerra impede barcos alegadamente iranianos de apreender petroleiro britânico

O Irão não só negou que o navio se deslocava para a Síria como ameaçou reter um petroleiro britânico, como forma de retaliação. À agência de notícias iraniana, Abbas Mousavi, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão disse: “Este é um jogo perigoso e tem consequências. Os pretextos legais para a captura não são válidos. A libertação do petroleiro é do interesse de todos os países”.

Depois do episódio, o Reino Unido anunciou que três embarcações iranianas tentaram impedir a passagem de uma embarcação britânica no estreito de Ormuz, mas adiantou que recuaram quando confrontadas por um navio de guerra da Marinha Real.

Em maio, a União Europeia decidiu prolongar por mais um ano as sanções à Síria.

“Em consonância com a estratégia da UE para a Síria, a UE decidiu manter as suas medidas restritivas contra o regime sírio e os seus apoiantes, uma vez que continua a repressão da população civil.”

“Entre as sanções atualmente em vigor contra a Síria contam-se um embargo petrolífero, restrições a determinados investimentos, o congelamento dos ativos do Banco Central sírio detidos na UE, restrições à exportação de equipamento e tecnologia que possam ser usados para fins de repressão interna e de equipamento e tecnologia destinados à monitorização ou interceção de comunicações telefónicas ou pela Internet”, segundo um comunicado.