As quatro congressistas a quem Donald Trump mandou voltar “para os países de origem”, que tinham “piores governos”, sublinharam em conferência de imprensa que o discurso do presidente norte-americano “é a agenda dos nacionalistas brancos“:
“Eu não fiz o impeachment uma questão essencial do meu mandato. Mas desde o dia em que eu fui eleito que digo que a questão não é se ele vai ser retirado, mas quando. É hora de pararmos de permitir que esse presidente faça pouco da nossa Constituição. É hora de pararmos este presidente”, disse Ilhan Omar, representante do Minnesota.
Ayanna Pressley, a congressista que representa Massachusetts, pediu à população para “não morder o isco” da “distração disruptiva” que foram, a seu ver, os ataques racistas de Donald Trump às quatro políticas:
“Ele não incorpora a graça, a empatia, a compaixão, a integridade que aquele cargo requer e que o povo americano merece. Posto isto, encorajo o povo americano e todos nós nesta sala e além a não morder o isco. Esta é uma distração disruptiva das questões importantes para o povo americano”.
Rashida Tlaib, representante do Michigan, disse que as palavras de Trump são “uma continuação do seu manual racista e xenófobo”:
“Não podemos permitir que atos de ódio do presidente nos distraiam do trabalho crítico de responsabilizar este governo pelas condições desumanas na fronteira que estão a separar as crianças de seus entes queridos e enjaulando-as em condições horríveis e ilegais”.
Alexandria Ocasio-Cortez, congressista por Nova Iorque, disse não estar surpreendida com as palavras do presidente:
“Não me surpreende que o presidente diga que quatro membros do congresso deveriam voltar ao seu próprio país quando autorizaram buscas sem mandados nas casas de milhares de famílias em todo o país. Não me surpreende que ele tenha usado a retórica que faz quando viola os direitos humanos internacionais e tira milhares de crianças das suas famílias”, comentou.
As quatro congressistas marcaram uma conferência de imprensa depois de Donald Trump as ter atacado através do Twitter, por serem críticas da líder da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi. “É tão interessante ver congressistas democratas ‘progressivas’, que originalmente vieram de países cujos governos são uma catástrofe completa e total, virem dizer ao povo dos Estados Unidos, a maior e mais poderosa nação na Terra, como é que o nosso governo deve ser gerido. Porque é que não voltam e ajudam a arranjar os sítios completamente destruídos e infestados de crime de onde vêm?”.
Donald Trump foi altamente criticado, até porque três das quatro congressistas são naturais dos Estados Unidos. Até mesmo Nancy Pelosi, a quem o presidente norte-americano tentou defender, condenou as palavras do colega democrata: “Rejeito os comentários xenófobos de Donald Trump, que procuram dividir a nossa nação. Em vez de atacar os membros do Congresso, devia trabalhar connosco por políticas de imigração humanas que reflitam os valores americanos”, escreveu ela no Twitter.
Antes da conferência de imprensa, uma das congressistas envolvidas na polémica garantiu, em entrevista à CNN, que Trump não a iria “distrair” dos seus objetivos:
“Eu não vou permitir que ele me distraia do trabalho de representar o terceiro distrito congressional mais pobre do país. Vou entrar aqui e manter aquela administração responsável”, disse Rashida Tlaib.
As quatro congressistas já tinham recorrido às redes sociais para responder a Donald Trump. Alexandria Ocasio-Cortez publicou: “É importante notar que as palavras do Presidente, dizendo que quatro congressistas americanas de cor devem ‘voltam para o seu próprio país’, são a linguagem característica dos supremacistas brancos“. Ilhan Omar enviou uma mensagem dirigida ao presidente norte-americano: “Como membros do Congresso, o único país a que prestamos juramento é aos Estados Unidos. É por isso que estamos a lutar para protegê-lo do pior presidente corrupto e inapto que já vimos”.
Ayanna Pressley, outra das congressistas atacadas por Donald Trump, partilhou uma fotografia de dois tweets do presidente e escreveu: “É assim que o racismo é. Nós somos o que a democracia é. E nós não estamos a chegar a lado nenhum. Exceto de regresso a D.C. para lutar pelas famílias que tu marginalizas todos os dias“. Rashida Tlaib também publicou uma mensagem para Trump: “Eu estou a lutar contra a corrupção no nosso país. Faço isso todos os dias quando responsabilizo a sua administração como congressista dos EUA. Detroit ensinou-me a lutar pelas comunidades que tu continuas a degradar e atacar. Continua a falar, estarás fora da Casa Branca em breve”.
Entretanto, o presidente norte-americano já respondeu às declarações das congressistas. Respondendo às palavras de Rashida Tlaib, que acusa a administração Trump de “enjaular” imigrantes, Donald Trumo publicou no Twitter: “A administração Obama é que construiu as jaulas, não a administração Trump. Os democratas devem dar-nos os votos para mudar as más leis de imigração”. Depois terminou repetindo o mote que marcou a campanha eleitoral em 2016: “Make America Great Again”, escreveu ele no Twitter.