O ministro da Defesa anunciou esta terça-feira que o centro multinacional de treino de helicópteros vai localizar-se na base aérea de Sintra e funcionará a partir de 2021, com um investimento português de quatro milhões de euros.
João Gomes Cravinho fez este anúncio numa conferência de imprensa que decorreu no Ministério da Defesa Nacional, em Lisboa, no final de uma reunião com o diretor executivo da Agência Europeia de Defesa, Jorge Domecq.
“Tive oportunidade de agradecer ao embaixador Domecq pelo trabalho que fez para criar as condições para que o centro de formação multinacional de helicópteros viesse para Portugal, e estaremos efetivamente em condições de abrir esse centro de formação em Sintra, em 2021”, afirmou o ministro da Defesa na conferência de imprensa conjunta.
“É um centro de formação que eu creio que será de grande valor acrescentado tanto para Sintra, a nossa Força Aérea, o nosso país, como também para a formação de pilotos e tripulações de helicóptero dos países da União Europeia”, advogou.
O ministro adiantou que a construção vai iniciar-se “logo que possível”, com um investimento “na ordem dos quatro milhões de euros” do lado português.
“Como sabem, isto tem de passar por concursos públicos mas teremos condições para receber num primeiro momento, em edifícios que já existem na base aérea em Sintra, a formação inicial, depois complementado por edifícios construídos de raiz para este efeito”, notou, acrescentando que o Governo vai “agora iniciar esse processo de investimento na base aérea de Sintra”.
No início do mês, Gomes Cravinho tinha dito que a concretizar-se a sua instalação em Portugal, o Estado vai “utilizar um edifício na base aérea de Sintra, inicialmente, para formação inicial, mas depois será feito um edifício próprio, mas utilizando aquilo que já existe em Sintra”.
Naquela base aérea está instalada também a Academia da Força Aérea.
De acordo com informação disponibilizada à agência Lusa por fonte oficial do Ministério, o “centro de treino de helicópteros irá formar anualmente pilotos e tripulações de helicópteros de pelo menos 17 países”, uma vez que “mostraram interesse” em integrá-lo, além de Portugal, a Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Croácia, Eslovénia, Espanha, Finlândia, Grécia, Hungria, Itália, República Checa, Reino Unido, Suécia, e ainda a Sérvia, Suíça e Ucrânia.
Este equipamento vai reunir três polos – exercícios, treino para pilotos e treino para tripulação – que até agora funcionavam em países diferentes, explicou a mesma fonte, acrescentando que está também previsto um “centro de simuladores táticos que permitirão uma formação com cenários de conflitos irregulares, guerra urbana, busca e salvamento”.
“O centro de formação vai reunir num local algo que é hoje feito de forma dispersa. Por um lado, nós tínhamos um importante centro no Reino Unido – que está no processo de saída da União Europeia e, portanto, era importante encontrar um novo local para aquilo que está no Reino Unido – mas, por outro lado, havia também formação em diversos outros países”, assinalou o ministro da Defesa.
A partir de 2021, ficará “reunido em Portugal a formação para pilotos de helicópteros, tripulações de helicópteros e também os exercícios, embora possa haver exercícios no contexto desta formação em alguns outros países europeus, como é o caso da Alemanha”, país com quem Portugal veio “a conversar no âmbito da candidatura”, referiu João Gomes Cravinho.
De acordo com o responsável, Portugal ganha com “a presença em Sintra, ao longo do ano”, de cerca de duas centenas de “pilotos e membros de tripulações de helicópteros em formação permanente”, além de servir para “colocar Sintra como um local que vai beneficiar no âmbito de um rearranjo grande do dispositivo” da Força Aérea, uma vez que vai sair dali uma esquadra de aviões de instrução, que irá para Beja, estimou o ministro.
Também presente na conferência de imprensa, Jorge Domecq lembrou que a “origem deste programa está na EDA [sigla inglesa para a Agência Europeia de Defesa] desde 2009 e desenvolveu-se ao longo do tempo, fornecendo uma abordagem estandardizada ao treino das diferentes equipas dos diferentes estados membro para operações”.
“Isto tem-se revelado de grande valor para investimento e dinheiro para todos os estados membro”, assegurou o diretor da Agência Europeia de Defesa, acrescentado que localizar o centro em Sintra “vai requerer um apoio contínuo de Portugal”. Segundo o responsável, a candidatura portuguesa era “a melhor e mais completa opção”.