Agora com sinal reforçado em Lisboa 98.7 FM No Porto 98.4 FM Justiça / Polícia Judiciária Seguir Inspetores da PJ mantêm intenção de greve por falta de acordo com o Governo O presidente do Sindicato dos Funcionários de Investigação Criminal, Ricardo Valadas, declarou que propostas enviadas pela Minitra da Justiça não respondem às suas reivindicações. Agência Lusa Texto 17 Jul 2019, 23:15 137 i ▲Ricardo Valadas lembrou que a paralisação “irá travar todas as operações da PJ" ANTÓNIO COTRIM/LUSA ▲Ricardo Valadas lembrou que a paralisação “irá travar todas as operações da PJ" ANTÓNIO COTRIM/LUSA A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária admitiu esta quarta-feira manter a opção de uma greve ao trabalho suplementar por tempo indeterminado, ao não ter chegado a acordo com a ministra da Justiça.A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, enviou esta quarta-feira, perto da hora do almoço, aos sindicatos das várias áreas da Polícia Judiciária (PJ) uma proposta de revisão de estatutos profissionais, marcando para as 17h00 uma reunião com a Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC), seguindo-se outras, separadas, com a Associação Sindical dos Funcionário Técnicos Administrativos, Auxiliares e Operacionais, com a Associação Sindical dos Peritos Forense e com a Associação Sindical dos Seguranças da PJ. À saída da reunião, o presidente da ASFIC, Ricardo Valadas, declarou aos jornalistas que não viram respondidas as suas reivindicações, nomeadamente em matéria remuneratória, mas disse mantém “a esperança” numa intervenção do primeiro-ministro e do tutelar das Finanças, considerando que estes têm a última palavra para resolver a questão.“O documento foi-nos entregue com muito poucas horas de antecedência da reunião, estamos ainda a tentar perceber o que é que o documento traz, se, de certo modo, corresponde às declarações do primeiro-ministro e até do Presidente da República, que afirmaram que a Polícia Judiciária precisa de ser reforçada para combate à corrupção e combate à criminalidade grave e complexa e organizada”, afirmou Ricardo Valadas.O líder da ASFIC afirmou que, numa primeira análise do documento, há questões que “separam mesmo muito”, sobretudo em relação às questões remuneratórias. “Temos um estatuto que não é alterado há 20 anos, não tem a valorização que nós pretendíamos para uma profissão destacada, com todos os ónus que acarreta”, disse.O dirigente sindical referiu que já foram convocadas assembleias regionais para quinta-feira, para os associados se pronunciarem se querem ou não querem este documento”, acrescentando que “a decisão dos associados será soberana, estando a opção por uma greve prolongada em cima da mesa” e que “o pré-aviso será entregue na quinta-feira se assim for deliberado”.Contudo, Ricardo Valadas acredita num acordo até ao final da legislatura, “uma vez que o primeiro-ministro reiteradamente tem afirmado a necessidade de reforçar a PJ, reiteradamente afirmar a necessidade de combate à corrupção”.“Não quero acreditar que o primeiro-ministro tenha exibido estas promessas nesta legislatura, já as tenha feito para a próxima legislatura, e não as cumpra para reforçar a única agência de investigação do país. Acredito que o ministro Mário Centeno e o primeiro-ministro têm a última palavra”, expressou. Caso não haja acordo e os sindicalizados decidam avançar para a greve, Ricardo Valadas lembrou que a paralisação “irá travar todas as operações da PJ, porque cerca de 90 por cento do trabalho é feito fora do horário normal de expediente e a pessoas não vão fazer esse trabalho” extraordinário.“Esta greve vai causar danos tremendos ao país, tremendos à instituição, porque irá seguramente prolongar-se até ao ano de 2020, em virtude do calendário eleitoral”, concluiu.À entrada para as instalações do Ministério da Justiça, também as outras associações sindicais lamentaram que o documento lhe tenha sido entregue poucas horas antes das reuniões, afirmando que, numa primeira análise, também não concordam com as propostas e que estas “esvaziam a PJ”.Na segunda-feira a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, disse estar “muito próxima” a conclusão dos novos estatutos e que o diploma estaria “à altura da PJ”, mas Ricardo Valadas disse, em resposta, que as declarações não tranquilizam os inspetores.As questões remuneratórias são um ponto de discórdia, desde logo porque, explicou o representante sindical, na última proposta apresentada o rendimento líquido dos inspetores seria inferior ao atual, mas também porque a proposta para um exercício de funções em exclusividade “não se materializava em rendimento” adicional para o compensar. Diferendos salariais estão também na base da ação judicial que a ASFIC intentou contra o Estado, e que deu entrada num tribunal de Lisboa no dia 19 deste mês, para reivindicar o pagamento devido a 1.200 inspetores de parte do subsídio de risco que foi indevidamente cortado durante uma década, uma situação que foi corrigida com efeitos a janeiro de 2019.A cada inspetor, adiantou Ricardo Valadas, é devido um montante de cerca de 1.500 euros, o total correspondente aos cerca de 12 euros cortados mensalmente desde 2008. No entanto, a ação judicial apenas abarca o período entre 2010 e 2018.A ação abrange apenas os inspetores da PJ, representados pela ASFIC, mas existem outros funcionários instituição que sofreram o corte e que poderiam também reivindicar a sua devolução.