Se é Espanha, a conversa mete bola. Na equipa principal ou nos conjuntos mais novos, se existe uma marca que define o jogo de La Roja é mesmo essa: a posse, o passe, o controlo. E foi isso mesmo que Filipe Ramos, técnico dos Sub-19 de Portugal, descreveu no lançamento da segunda jornada da fase de grupos do Europeu, que em caso de vitória podia valer o apuramento para as meias-finais. “Olhamos para a Espanha como olhámos para a Itália mas sabendo que vai ser um jogo diferente porque eles gostam mais de ter a bola e têm mais paciência, não acelerando tanto o jogo quando saem para o ataque”, comentou, antes de realçar que entre as adaptações que podiam ser feitas era importante nunca perder o próprio estilo de jogo.

Nos Sub-19 como nos seniores, jogar com a Espanha é sobretudo desafiar a parte mental do que é o futebol. A paciência, a noção de que há momentos repartidos de domínio, as zonas de pressão mais altas ou mais baixas, o ter mais ou menos bola. Foi isso que aconteceu, com outro pormenor que faz toda a diferença: a mínima desconcentração costuma significar golo sofrido. Esta tarde, na Arménia, acabou por ser esse o fator diferenciador no final da primeira parte, em que Portugal perdia por 1-0.

A Espanha começou melhor e com maior capacidade de chegar ao último terço de Portugal. Portugal conseguiu equilibrar o jogo, aproximou-se da baliza contrária e conseguiu inclusive ganhar dois cantos. E a Espanha voltou de novo a fica um pouco por cima do jogo. Fábio Vieira, com um remate de fora da área, deixou o primeiro sinal de perigo (20′), enquanto Celton Biai ia vendo as tentativas contrárias saírem desenquadradas com a baliza. Depois de uma paragem para beber água pelo meio, e quando tudo apontava para o nulo ao intervalo, Juan Miranda, lateral esquerdo (e canhoto) do Barcelona, fez a diagonal para o centro, atirou de pé direito ao poste e foi a tempo de fazer ainda a recarga com o mesmo pé perante a passividade da defesa nacional.

Depois dos três jogos da Ronda de Elite só com vitórias e sem sofrer golos (Chipre, 3-0; Turquia, 3-0; Escócia, 4-0), Portugal começara esta fase final novamente em branco (Itália, 3-0) mas consentiu pela primeira vez um golo neste Europeu Sub-19 e partia para o intervalo em vantagem. Um intervalo que fez bem, a todos os níveis: logo a abrir, numa falta que ganhou em zona central já perto da área, o médio portista Fábio Vieira empatou com um livre direto colocado que deixou Tenas pregado ao relvado (49′) e mudou por completo o encontro, que se tornou mais aberto e com mais oportunidades de perigo.

Após “encaixar” no melhor jogo entre linhas de Portugal, que foi colocando Félix Correia ou João Mário por outros terrenos mais centrais permitindo a largura de jogo com a subida dos laterais, a Espanha conseguiu reagir e voltou a acercar-se com perigo da baliza de Celton Biai, o Pássaro que brilhou com algumas intervenções entre as quais uma saída aos pés de Bryan Gil antes de ir a correr ainda e tempo de evitar o cabeceamento de Abel Ruíz quando o guarda-redes não estava na baliza (55′). Cinco minutos depois, também Ferran Torres, numa diagonal da direita para o centro, ficou perto do 2-1 (60′).

Com este resultado, Portugal e Espanha partilham o primeiro lugar do grupo A desta fase final do Europeu Sub-19, bastando agora um empate da Seleção Nacional frente à Arménia para garantir a passagem às meias-finais ou mesmo o primeiro lugar, dependendo do resultado do outro encontro que fecha esta fase entre Espanha e Itália, também no sábado. De recordar que, na primeira jornada, Portugal ganhou ao conjunto transalpino por 3-0, enquanto a Espanha derrotou a anfitriã por 4-1. A outra partida desta segunda jornada via ter início às 18 horas, com Itália e Arménia à procura da vitória para poderem ainda manter a possibilidade de apuramento para a fase seguinte em aberto.

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