O Japão, Estados Unidos, Irão e União Europeia lamentaram a morte do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Yukiya Amano, 72 anos, ocorrida na quinta-feira e anunciada nesta segunda-feira pela organização.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros nipónico lamentou em comunicado a morte do seu cidadão e diplomata, e sublinhou o seu envolvimento em assuntos de não proliferação internacionais, como as armas nucleares da Coreia do Norte ou o programa nuclear do Irão, mas também contribuiu para o do uso de programas nucleares para uso pacífico em favor “da paz e do desenvolvimento”.

O texto sublinha ainda que após o incidente na central nuclear de Fukushima Dai-ichi em 2011, na sequência de um sismo seguido de tsunami, Amano dirigiu “os esforços internacionais para melhorar a segurança nuclear com base nas lições retiradas do acidente e enquanto fornecia apoio ao Japão”.

A AIEA, que enviou “profundas condolências à sua família, não precisou o local ou a causa do falecimento do veterano diplomata, que estava à frente da organização desde 2009.

Jackie Wolcott, embaixadora dos Estados Unidos na organização internacional em Viena também expressou “profundas condolências (…) face à triste notícia” e sublinhou que Amano era “profundamente respeitado como um verdadeiro líder, diplomata e um senhor por todos os funcionários e a equipa da missão dos EUA e pelos seus colegas diplomatas e funcionários do governo dos Estados Unidos”.

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“Grande parte da vida de Amano foi dedicada à paz internacional, segurança e desenvolvimento, não apenas pela longa década de diretor-geral da AIEA mas também através da sua carreira diplomática, que inclui uma missão nos Estados Unidos”.

Em Teerão, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros também manifestou as suas condolências pela morte do responsável máximo pela monitorização e verificação do cumprimento pelo Irão das restrições nuclear incluídas no acordo nuclear de 2015.

Através de uma mensagem na rede social Twitter, Seyed Abbas Araghchi referiu ter trabalhado de muito perto com Amano e elogiou as suas qualidades e profissionalismo pelo seu trabalho na liderança da Agência internacional.

O diplomata disse ainda que o seu trabalho em conjunto confirmou o cumprimento integral pelo Irão com o Plano de Ação Conjunto Global [JCPOA], o acordo nuclear que o Irão assinou com as potências mundiais em 2015 e pode estar comprometido após a decisão da administração de Donald Trump.

Em agosto de 2018 os EUA anunciaram a retirada unilateral do acordo, e recentemente o Irão disse ter ultrapassado os limites do seu enriquecimento de urânio estabelecido no acordo.

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Em Bruxelas, a responsável pela política externa da União Europeia (UE), Federica Mogherini, também exprimiu a sua tristeza pela morte de Amano, que designou “um homem de extraordinária dedicação e profissionalismo, sempre ao serviço da comunidade global da forma mais imparcial possível”.

Mogherini disse ainda ter sido “um grande prazer e privilégio trabalhar com ele”.

Amano já possuía uma longa trajetória e uma grande experiência no campo da não proliferação nuclear quando em 01 de dezembro de 2009 assumiu o cargo máximo da AIEA, que manteve até à sua morte.

Na qualidade de diretor-geral do organismo, o cauteloso diplomata, licenciado em Direito pela universidade de Tóquio em 1972, teve de confrontar-se desde o início com o programa atómico iraniano e resolver os graves problemas da AIEA.

O acordo JCPOA, assinado em 2015 pelo Irão com os Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha, entrou em vigor em janeiro de 2016 e a AIEA tem por função verificar o seu cumprimento.

Amano nunca escondeu a sua preocupação pela incerteza motivada pela saída dos EUA do acordo, e a imposição de novas sanções ao Irão.

Entre os possíveis e potenciais sucessores de Amano destaca-se o argentino Rafael Grossi, que entre 2009 e 2013 foi chefe de gabinete do diplomata japonês e diretor-geral adjunto do organismo para os assuntos políticos.