A região do Golfo da Guiné registou, no primeiro semestre deste ano, 78 incidentes de pirataria e ataques armados contra navios, informou nesta terça-feira a secretária executiva da Comissão do Golfo da Guiné.

Florentine Ukonga, que discursava na abertura do Seminário sobre a Estratégia Marítima Integrada da Região do Golfo da Guiné, disse que a pirataria, imigração ilegal, pesca não regulada e ilegal e a poluição continuam a fazer parte dos desafios da organização.

Segundo Florentine Ukonga, além da Nigéria, o Togo, Benim e Camarões são os países mais afetados pela pirataria.

A secretária-executiva da Comissão do Golfo da Guiné, citando relatórios internacionais, frisou que os mesmos indicam que 73% de todos os sequestros no mar e 92% dos casos com reféns também ocorrem no Golfo da Guiné.

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“Piratas armados nessas áreas de alto risco (do Golfo da Guiné) sequestraram 27 tripulantes no primeiro semestre de 2019 e 25 no mesmo período de 2018”, disse Florentine Ukonga, apelando aos Estados-membros o reforço da cooperação para “aproveitar as oportunidades que foram desperdiçadas ao não se assegurar esta região”.

Em declarações à imprensa, o secretário executivo-adjunto da Comissão do Golfo da Guiné, Gilberto Veríssimo, apontou a necessidade de aspetos comuns dos Estados-membros, sobre aspetos que têm a ver com a estratégia marítima integrada.

“Quanto se fala em estratégia marítima se pensa sempre em segurança, mas é mais do que segurança, e é por isso que estamos afazer uso do termo de integração, porque a questão relacionada com o ambiente também deve ser considerada“, disse.

Gilberto Veríssimo exemplificou que Angola, um dos oito Estados-membros, não pode considerar o seu ambiente sem os da República Democrática do Congo, da República do Congo ou do Gabão, porque os dejetos lançados ao mar vêm para o país lusófono “e não há fronteira, nem há nenhum barco de patrulha que consiga impedir isto”.

Relativamente à questão do controlo da pesca, o responsável frisou que as espécies marinhas migram de uma região para outra, por isso “não se pode falar em peixe de Angola ou do Gabão”.

“Nós, por exemplo, aqui na região comemos o atum, mas não há nenhum país da região que pesca atum, porque é pesca industrial, então, como é que podemos resolver este tipo de situação? É uma das questões que a estratégia nacional de qualquer país tem que considerar para além dos aspetos de segurança”, salientou.

A poluição marinha é também um dos problemas que afeta a região devido à falta de controlo da sua costa, disse Gilberto Veríssimo, salientando que “muita gente de outras regiões vêm deitar dejetos tóxicos”.

“E afeta a segurança, porque começa a haver menos peixes, quando há menos peixe os pescadores não conseguem fazer a sua atividade e facilmente se tornam mobilizáveis para outras atividades como a pirataria marítima, que não vai buscar gente de outros sítios. É a nossa gente que é utilizada para fazer a pirataria marítima”, salientou.

Gilberto Veríssimo referiu que ainda é preocupante o nível de pirataria, que afeta sobretudo a Nigéria, Benim, Camarões e o Togo, pela relação direta entre o ambiente que se vive naqueles países e as ações de pirataria.