O novo embaixador do Irão em Lisboa, Morteza Damanpak Jami, desvalorizou esta terça-feira o caso da suspensão de vistos a cidadãos iranianos por parte de Portugal, embora admitindo que seria preferível que não tivesse acontecido.

“Esta é uma questão normal, que acontece, embora preferíssemos que não tivesse acontecido”, declarou o diplomata aos jornalistas na sua residência oficial.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anunciou na semana passada a suspensão de vistos a cidadãos iranianos devido às “condições de funcionamento da secção consular” em Teerão.

Depois de anunciar a medida na comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva esclareceu numa nota que a decisão “em nada resulta de uma avaliação sobre as condições gerais de segurança na República do Irão, ou qualquer outro aspeto de natureza institucional ou política”.

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“Enquanto essa suspensão durar, será a embaixada de Espanha a representar Portugal para a emissão de vistos para que a circulação das pessoas não fique perturbada”, disse ainda o chefe da diplomacia portuguesa.

Morteza Damanpak Jami considerou que a interpretação feita inicialmente das declarações de Santos Silva “foi de certo modo uma interpretação errada porque depois o ministro lançou um comunicado e clarificou o significado da quebra de segurança na embaixada”.

“Posso clarificar novamente que nada aconteceu em termos da segurança da embaixada“, adiantou.

O embaixador disse ainda que nos contactos com as autoridades portuguesas percebeu-se que se trata da “segurança do processo de emissão de vistos, não da segurança física da embaixada”.

O diplomata iraniano referiu-se a “um assunto técnico menor” que Portugal está a resolver, adiantando ter sido informado de que “o processo deve estar concluído no final deste ano”.

Damanpak Jami considerou que “o regime interino” decidido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, de Espanha representar Portugal para a emissão de vistos a cidadãos iranianos, resolve o problema de turistas ou estudantes que possam precisar de autorização de entrada no país.

Confiante de que a situação se vai resolver “muito em breve”, o embaixador negou que ela possa afetar as relações bilaterais entre o Irão e Portugal, que classificou de “amistosas”.

Morteza Damanpak Jami, que apresentou as suas credenciais de embaixador ao Presidente da República na semana passada, disse aos jornalistas que o seu “principal objetivo” no novo posto “é fazer o melhor que puder para desenvolver as já amistosas relações entre o Irão e Portugal“.

Diplomata com 30 anos de carreira, Damanpak Jami esteve antes como embaixador na Etiópia e na Dinamarca.