A Polícia Federal do Brasil deteve na terça-feira quatro pessoas que alegadamente piratearam o telemóvel do ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Segundo a polícia, foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão contra suspeitos de envolvimento em crimes cibernéticos.

A informação de que a operação se refere ao caso envolvendo Moro e também procuradores do grupo de trabalho da Operação Lava Jato, que alegam terem tido telemóveis pirateados nos últimos meses, foi divulgada pela imprensa local.

A polícia brasileira limitou-se a anunciar que realizou “a Operação Spoofing [termo que se refere a um tipo de falsificação tecnológica] com o objetivo de desarticular [uma] organização criminosa que praticava crimes cibernéticos”.

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“As investigações seguem para que sejam apuradas todas as circunstâncias dos crimes praticados. As informações se restringem às divulgadas na presente nota”, acrescentou.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, as autoridades brasileiras chegaram aos suspeitos a partir de uma perícia criminal que rastreou os sinais do suposto ataque aos telefones de Moro e outras autoridades ligadas à Operação à Lava Jato.

Moro e membros do grupo de trabalho da Lava Jato estão envolvidos no “Vaza Jato”, que começou em 09 de junho, quando o The Intercept Brasil e medias parceiros começaram a divulgar reportagens que colocam em causa a imparcialidade da maior operação contra a corrupção do país.

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Baseadas em informações obtidas de uma fonte que não foi identificada, estas reportagens apontam que Moro terá orientado os procuradores da Lava Jato, indicado linhas de investigação e adiantado decisões enquanto era juiz responsável por analisar os processos do caso em primeira instância.

Se confirmadas, as denúncias indicam uma atuação ilegal do antigo magistrado e dos procuradores brasileiros porque, segundo a legislação do país, os juízes devem manter isenção e não devem auxiliar as partes envolvidas nos processos.

Moro e os procuradores da Lava Jato, por seu turno, negam terem cometido irregularidades e fazem críticas às reportagens do The Intercept e seus parceiros (Folha de S. Paulo, revista Veja, El País e o jornalista Reinaldo Azevedo), afirmando que são sensacionalistas e usam conversas que podem ter sido adulteradas e foram obtidas através de crime cibernético.