Depois de saberem que o Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM) vai fechar portas em setembro por falta de acreditação, os alunos desta instituição escreveram uma carta aberta dirigida aos responsáveis pela decisão e à tutela onde pedem que se recue no encerramento e exigem que os seus interesses sejam tidos em conta. A comissão representativa dos alunos do ISCEM refere na carta que as irregularidades apontadas pela A3ES “são meramente administrativas (algumas estando já resolvidas), não pondo em causa a qualidade do seu ensino, até porque os cursos que leciona estão acreditados”.

Ensino Superior. ISCEM vai fechar em setembro, maioria dos alunos serão colocados no Instituto Politécnico de Lisboa

Foi por falta de cumprimento das regras previstas na lei que a A3ES — Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior não acreditou o ISCEM, tal como noticiou o Observador esta segunda-feira. Um dos problemas apontados é a falta de formação do corpo docente: só três dos seis professores que davam aulas a tempo inteiro eram doutorados e nenhum deles em Marketing. Sobre este aspeto, os alunos admitem que “existem, de facto, poucos professores doutorados para o número de alunos”, mas que essa questão justifica-se porque “o ISCEM é um Instituto Politécnico que tem como pilar do seu modelo o ensino prático e a proximidade com o mercado de trabalho“. “Nessa lógica, a contratação de professores com longa experiência (especialistas) e altos cargos na área acaba por prevalecer à de professores que não têm contacto com a realidade do mercado”, acrescentam.

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Apesar de a situação se arrastar desde 2018, os alunos do ISCEM só foram avisados do encerramento no domingo à noite, por volta das duas da manhã, através de um email assinado pela diretora da instituição, Regina Campos Moreira, para o fecho da instituição. No mesmo documento, a diretora deixava outro alerta: em setembro a instituição de ensino superior já não estará a funcionar. Os alunos reforçam ainda o “nível elevado de formação prática” da instituição, “visível em dezenas de quadros superiores, gestores, empreendedores colocados em grandes empresas portuguesas, multinacionais, agências de comunicação e publicidade quer em Portugal quer em todo o mundo”.

A carta dirigida ao ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, ao diretor-geral do Ensino Superior, João Queiroz e ao presidente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), Alberto Amaral, termina com um pedido: “Se querem salvaguardar os nossos interesses enquanto alunos, não fechem o ISCEM, exijam a correção dos problemas administrativos, que estão já a ser resolvidos. Não limpem as mãos da responsabilidade, porque estão a prejudicar os alunos mais do que ninguém. Não nos digam que vamos ficar melhor sem conhecer a nossa realidade”.

No comunicado enviado ao corpo docente e discente sobre o fecho desta instituição privada localizada no Príncipe Real, em Lisboa, a diretora alega que a tutela aplicou “o encerramento compulsivo, imediato, não abrindo o ISCEM no próximo ano letivo 2019/2020, com previsão para o encerramento no final de setembro de 2019″, uma decisão tomada ao abrigo do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior. Desta forma, todas as matrículas de novos ou antigos alunos para o próximo ano letivo ficam sem efeito.

Além do ISCEM, há também mais cinco instituições de ensino superior que vão fechar portas, todas elas institutos politécnicos de ensino privado. Dois deles estão localizados em Vila Nova de Gaia — e são a Escola Superior de Educação Jean Piaget de Arcozelo e o Conservatório Superior de Música de Gaia — e os restantes três em Lisboa — o Instituto Superior de Novas Profissões, a Escola Superior de Educação de Almeida Garrett e a Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa. O motivo é o mesmo para os cinco politécnicos: falta de acreditação para continuarem a ministrar as suas ofertas de ensino superior.

Depois do ISCEM, há mais 5 politécnicos privados que vão ter de fechar portas