No primeiro discurso do Parlamento como primeiro-ministro, Boris Johnson frisou a intenção de celebrar o divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia até 31 de outubro. “Este é o primeiro dia de uma nova abordagem que vai começar com a saída da União Europeia (UE) a 31 de outubro”, disse. Essa data, garante, será o “início de uma nova era dourada no nosso Reino Unido”.

Eu e todos os ministros estamos empenhados em sair nesta data sejam quais forem as circunstâncias“, frisou, acrescentando, porém, que preferiria sair com acordo. “Acredito que é possível mesmo nesta altura e vou trabalhar arduamente para que isso aconteça”.

Boris Johnson garante que as negociações do seu governo recém-formado com a UE vão continuar “com o máximo de energia e determinação, num espírito de amizade”. “Espero que UE esteja igualmente preparada e que repense a sua recusa atual de fazer quaisquer alterações ao acordo de saída. Se não o fizerem vamos ter de sair sem um acordo”, disse o governante. E assegura que o seu governo se está a preparar para esse cenário, “com prioridade máxima”, de forma a garantir que “haja o mínimo de transtorno possível”. “É importante termos uma clara estratégia económica em todos os cenários”, disse.

Johnson deixou ainda um recado: “O Reino Unido está mais bem preparado para essa situação [saída sem acordo] do que muitos acreditam” embora acrescente: “Mas não estamos tanto quanto devíamos estar”. 

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O governante anunciou ainda que o Reino Unido não vai nomear um comissário europeu para o novo executivo comunitário. “Quero deixar claro o meu empenho absoluto em garantir que a nossa participação nacional na União Europeia está a chegar ao fim. E essa realidade precisa ser reconhecida por todas as partes”, afirmou.

O novo líder dos conservadores deu ainda a garantia aos europeus residentes no Reino Unido de que, “com este governo, terão a certeza do direito de viver e permanecer no Reino Unido“.

Segundo o ministério do Interior, cerca de 80.900 portugueses já pediram o estatuto de residente no Reino Unido, num total de 861.100 candidaturas de cidadãos europeus e familiares.

O estatuto de residente no Reino Unido será obrigatório depois do Brexit e garante o acesso ao mercado de trabalho, serviços públicos como a educação, saúde e serviços sociais.

O estatuto de residente permanente (‘settled status’) é atribuído àqueles com cinco anos consecutivos a viver no Reino Unido, enquanto os que estão há menos de cinco anos no país terão um título provisório (‘pre-settled status’) até completarem o tempo necessário.

O governo português estima que residam no Reino Unido cerca de 400 mil portugueses.

Perante os deputados, Johnson elencou ainda as prioridades do governo: “investimentos vitais” nos transportes e habitação, mais polícias na rua para “reduzir o crime violento” ou aumento o financiamento para escolas.