A União Europeia (UE) voltou nesta quinta-feira a exigir que os Estados Unidos eliminem as tarifas aplicadas à entrada de aço e alumínio vindo dos Estados-membros, um ano após o arranque de negociações, que continuam, com poucos resultados.

“A UE continua a defender o fim das tarifas aduaneiras dos EUA sobre o aço e alumínio provenientes da União, medida que também beneficiaria os Estados Unidos, já que os produtores norte-americanos poderiam conseguir esses materiais de forma mais barata“, vinca a Comissão Europeia em comunicado.

Em causa estão as tarifas alfandegárias norte-americanas sobre o aço (25%) e o alumínio (10%) que provêm da UE, aplicadas desde 01 de junho do ano passado e que deterioraram as relações comerciais entre Washington e Bruxelas.

Caso tais tarifas fossem abolidas, “a UE poderia também remover as tarifas de reequilíbrio aplicadas às exportações dos EUA”, assinala o executivo comunitário.

Nesta quinta-feira assinala-se um ano desde a reunião dos presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e dos Estados Unidos, Donald Trump, que marcou a retoma das negociações sobre o futuro comercial entre a UE e os EUA.

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Na altura, foram divulgadas uma série de medidas no setor agrícola, industrial, químico e energético para apaziguar o seu conflito comercial, mas os respetivos anúncios foram globalmente vagos.

Fazendo um ponto de situação sobre estas discussões, Bruxelas considera que, neste ano, “uma série de ações concretas foram alcançadas, levando a relação comercial […] para outro nível”.

Porém, admite que as negociações ainda persistem, nomeadamente no que toca à proposta feita pela Comissão Europeia no início deste ano e apresentada aos Estados Unidos em abril prevendo o fim das tarifas nos bens industriais e das barreiras nas exportações.

Esta proposta em discussão visa, assim, a eliminação das tarifas aplicadas aos produtos industriais, sem contar com a área agrícola, e a redução das barreiras, no que toca ao cumprimento de requisitos técnicos, para trocas comerciais entre os dois continentes.

“Embora ainda não tenha sido possível concluir as negociações nesta área devido às posições divergentes dos dois lados, a UE continua disponível para colaborar com os EUA nos moldes acordados entre os dois presidentes em julho de 2018“, assinala Bruxelas, aludindo à abolição de tarifas nos bens industriais.

Por seu lado, no que toca ao fim das barreiras burocráticas nas exportações, Bruxelas indica que “já foram realizadas três rondas de discussões construtivas sobre a cooperação regulamentar”, nas quais a UE “apresentou ideias sobre uma colaboração mais profunda em setores estratégicos, especialmente relacionados com tecnologias emergentes, como a impressão 3D, a robótica e os veículos conectados”.

Ainda nesta área dos requisitos técnicos, o executivo comunitário destaca os “importantes progressos nas áreas dos produtos farmacêuticos, dispositivos médicos e segurança cibernética“, apesar de apenas ter sido possível alcançar um acordo de reconhecimento mútuo na área dos medicamentos, em meados deste ano.

A UE e os EUA chegaram, ainda, a acordo conseguido este mês sobre uma quota isenta de tarifas aduaneiras para as exportações de carne bovina sem hormonas para o mercado da União, adianta Bruxelas, classificando este como um “exemplo recente que ilustra a excelente cooperação”, que resultou da declaração conjunta assinada há um ano.

Desde essa altura, os Estados Unidos tornaram-se, ainda, no maior fornecedor de gás natural liquefeito (GNL) e de soja para a UE, o que também veio na sequência de autorizações conseguidas no âmbito destas negociações comercias, conclui a Comissão Europeia.