Chega o verão e com ele as noites ficam mais “barulhentas”. Os mosquitos, mesmo pequenos, são os responsáveis pelo maior número de mortes no mundo. Nem mesmo as temidas serpentes, responsáveis por 50 mil mortes ao ano, nem mesmo os humanos, que causam 475 mil mortes ao ano, superam o elevado número de 725 mil mortes causadas pelas diversas doenças transmitidas pelas picadas dos mosquitos.

Febre amarela, dengue e malária são apenas alguns dos exemplos de doenças que assolam diversos países. Mas quais são os reais motivos que fazem as 3 mil espécies de mosquitos perturbarem-nos? Pode não parecer, mas há alguns pré-requisitos, referidos pelo El País,  que as vítimas destes insetos têm de possuir.

Antes de mais fique a saber que os mosquitos em geral não estão sempre a zumbir. Fazem-no quando procuram alimento – obrigatoriamente quente. Quando estão perto de aterrar e, portanto,  de picar, o zumbido fica mais alto para avisar outros potenciais companheiros do “banquete”. Por isso, quando ouvir aquele ruído irritante já sabe que está prestes a ser alvo de um ataque de um qualquer mosquito.

Mas não são todos os mosquitos que nos picam, apenas as fémeas tem o hábito de o fazer, os machos preferem alimentar-se de néctar.

O segredo para a escolha das vítimas está na “aura” química que nos rodeia e que é diferente de pessoa para pessoa. Os mosquitos possuem órgãos sensoriais específicos para a captação de rastos químicos que os nossos corpos exalam, e o maior atrativo para eles é o produto de nossa própria respiração: o dióxido de carbono. Quando exalamos o ar dos nossos pulmões, o dióxido não se mistura rapidamente com a atmosfera e transforma-se num trilho que leva os mosquitos diretamente até nós, sendo a capacidade sensorial de cada um de até 50 metros.

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A situação passa a ficar mais “personalizada” quando o mosquito atinge um metro de distância da pessoa em causa. Caso ela esteja inserida num grupo, a seleção ocorre através de três frentes: a temperatura da pele, a presença de vapor de água, e a cor da roupa. Especialistas creem que as variáveis mais definitivas são, no entanto, a presença de colónias de micróbios que vivem na nossa pele.

Nas antenas de cada mosquito estão glândulas olfativas que sentem o “cheiro” do suor que expelimos. As bactérias convertem as secreções das nossas glândulas sudoríparas em compostos que são captados pelo olfacto dos mosquitos. Estes compostos podem chegar a mais de 300, criados a partir da genética e das vivências de cada pessoa.

Um estudo feito pela revista científica PLOS ONE verificou que pessoas com uma maior diversidade de micróbios atraíam um menor número de mosquitos transmissores da malária e, por isso, eram menos picadas.

Vestir-nos de todas as cores então, menos de preto – a mais atrativa para os mosquitos, pois é a cor que mais atrai o calor – é o que nos resta para evitarmos a presença constante das ameaças desses corpos minúsculos, já que não somos capazes de controlar os micróbios presentes na nossa pele.