Mais de 400 mil pessoas foram deslocadas em quase três meses de violência no noroeste da Síria, já que a província de Idlib e regiões vizinhas estão a ser bombardeadas pelo regime sírio e a sua aliada Rússia, anunciaram as Nações Unidas.

“Mais de 400 mil pessoas foram deslocadas desde o final de abril”, disse à agência noticiosa AFP o porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), David Swanson, desde o início dos ataques a esta região dominada pelos ‘jihadistas’.

A província de Idlib é controlada em grande parte pelos ‘jihadistas’ do Hayat Tahrir al-Sham (HTS, antigo ramo sírio da Al-Qaida). Outras fações rebeldes e jihadistas estão presentes na região.

Apoiado pela força aérea russa, o regime sírio do Presidente Bashar al-Assad está desde o final de abril a atacar diariamente esta província, bem como áreas adjacentes nas províncias limítrofes de Aleppo, Hama e Latakia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os deslocados estão a deixar o sul da província de Idlib e do norte da província de Hama, segundo um comunicado da OCHA.

Estão a viajar para áreas relativamente poupadas mais ao norte, às vezes em áreas próximas à fronteira com a vizinha Turquia, e a permanecer em acampamentos de deslocados internos.

“Os campos de deslocados estão sobrelotados e muitas pessoas são forçadas a ficar ao ar livre”, acrescentou o comunicado de OCHA.

“Cerca de dois terços dos deslocados estão fora dos campos”, indicou ainda.

Só em Idlib, cerca de 100 escolas estão a abrigar pessoas deslocadas“, disse a organização, referindo que a maioria dos que fugiram foram deslocados internamente na província, enquanto um número menor dirigiu-se para o norte da província de Aleppo”.

De acordo com a OCHA, cidades e aldeias inteiras foram aparentemente esvaziadas de seus habitantes que fugiram em busca de segurança e serviços básicos.

Quase metade dos três milhões de habitantes de Idlib e da região já são pessoas deslocadas que fugiram dos conflitos em outras partes da Síria em guerra ou que se recusaram a permanecer em localidades rebeldes recapturadas pelo regime.

A violência acontece apesar de um acordo alcançado em setembro de 2018 entre a Rússia e a Turquia, apoiante de alguns grupos rebeldes, com o objetivo de evitar uma ofensiva de envergadura em Idlib de forças pró-regime sírio.

Em quase três meses, mais de 730 civis, incluindo mais de 180 crianças, foram mortos nos bombardeamentos do regime ou do seu aliado russo em Idlib, de acordo com uma avaliação mais recente do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Impulsionada em 2011 pela repressão de protestos pró-democracia, a guerra na Síria deixou mais de 370.000 mortos e deslocou vários milhões de pessoas.