A polícia italiana decidiu abrir um inquérito depois de terem surgido fotografias na imprensa de um jovem americano de olhos vendados numa esquadra. Gabriel Hjorth, de 18 anos, suspeito de ter participado no assassinato de um polícia, surge algemado, cabisbaixo e com uma venda nos olhos. A fotografia, tirada numa esquadra de Roma, terá sido partilhada num chat de polícias antes de chegar aos jornais e é comparada pelo Corriere della Sera às imagens de Guantanamo.

O chefe dos ‘carabinieri’ (a congénere italiana da GNR), Giovanni Nistri, reagiu à revelação da foto, anunciando a abertura do inquérito e dizendo ao Corriere della Sera que se trata de “um episódio inaceitável”.

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O agente que pôs uma venda no jovem garante que o fez para que não pudesse ver documentos e informação no computador, de acordo com Francesco Gargaro, comandante da polícia.

Hjorth e o amigo Finnegan Lee Elder, de 19 anos, ambos americanos de São Francisco, foram detidos para interrogatório depois de o polícia Mario Cerciello Rega, de 35 anos, ter sido barbaramente assassinado e de um outro agente ter sido ferido.

Finnegan Elder é acusado de ter esfaqueado várias vezes o polícia, enquanto Hjorth, o jovem da imagem, terá esmurrado o segundo agente. Em comunicado, a polícia diz que os dois americanos confessaram os crimes, quando confrontados com as provas.

Quando foi assassinado, o polícia tinha acabado de chegar de lua de mel e estava com outro agente, ambos vestidos à civil. Terão sido confrontados pelos dois jovens na sequência de um negócio de droga que não correu bem, de acordo com os investigadores ouvidos em tribunal.

Por causa desse negócio, os dois jovens, que estariam de férias em Roma, são também investigados por tentativa de extorsão. Os americanos terão roubado um saco a um traficante de droga, depois de alegadamente lhes ter sido vendido um produto diferente do que pretendiam. Para devolverem o saco roubado, os dois americanos terão então exigido um resgate financeiro e a cocaína que pretendiam inicialmente. Depois, o alegado ‘dealer’ chamou a polícia, que enviou os dois agentes ao local. Mario Cerciello Rega acabaria por morrer na luta com os dois jovens.

Este caso tem gerado reações fortes em Itália, entre as quais de Matteo Salvini. O ministro do interior criticou nas redes sociais “aqueles que lamentam que se vende os olhos a um detido”.

“Eu lembro-lhes que a única vítima por que devemos chorar é um homem, filho, marido de 35 anos, ‘carabinieri’, servidor da pátria”, escreveu Salvini, que partilhou o desejo de que houvesse prisão perpétua para os assassinos, se for provado que são culpados.

O funeral do polícia esfaqueado decorreu este domingo, reunindo centenas de pessoas.