A Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA) prevê que a greve dos motoristas provoque quatro milhões de euros de prejuízo diário, caso o setor não seja integrado, com prioridade, nos serviços mínimos, foi anunciado esta quarta-feira.

“A IACA prevê graves prejuízos para o setor, quer no abastecimento de matérias primas à indústria, quer no fabrico e distribuição dos alimentos aos animais, durante a greve dos transportadores de matérias perigosas, caso não se confirme a inclusão do setor da alimentação animal na definição de serviços mínimos a fixar em despacho governamental”, alertou, em comunicado, a associação.

De acordo com os industriais de alimentação animal, este setor produz diariamente uma média de 15 mil toneladas de alimentos que “não chegarão ao seu destino”, caso o setor não seja incluído nos serviços mínimos a decretar, “colocando em causa a alimentação de cerca de 40 milhões de animais”.

Por outro lado, o setor movimenta diariamente mais de 500 camiões para o transporte de matérias-primas até ao local de fabrico, bem como 1.200 camiões para o transporte das rações até às explorações pecuárias.

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Desta forma, “a paragem destes transportes representa, por dia, um prejuízo de quatro milhões de euros”.

Adicionalmente, devido às ruturas de abastecimento, estes trabalhadores preveem a “ocorrência de problemas de saúde e bem-estar animal”, obrigando a “uma rápida intervenção” da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

“A maioria das empresas não tem ‘stocks’ para mais de dois dias, sendo que muitas delas trabalham com ‘stocks’ ao dia, devido a questões de ordem financeira e falta de condições de armazenagem. A não inclusão do setor no despacho governamental que definirá os serviços mínimos coloca em causa um setor que representa, direta e indiretamente, 2,8 mil milhões de euros anuais de volume de negócios, ou seja 38% do total da economia agrícola nacional (7,2 mil milhões de euros)”, afirmou, citado no mesmo documento, o secretário-geral da IACA, Jaime Piçarra.

A associação indicou ainda que o setor já apelou ao Governo para que considere a alimentação dos animais “como prioritária” na definição dos serviços mínimos, numa exposição enviada ao primeiro-ministro, António Costa, a outros membros do Governo e à DGAV.

“Ainda sem confirmação relativamente às suas pretensões, a Associação recorda que, além das empresas do setor, está também em causa está o normal funcionamento de cerca de 84 mil explorações pecuárias e a alimentação diária de 9 milhões de galinhas poedeiras para a produção de ovos, 23 milhões de frangos, 1,6 milhões de bovinos, dos quais 235 mil são vacas leiteiras, 2,2 milhões de suínos e 2,5 milhões de ovinos e caprinos”, lê-se no comunicado.

A greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias, que começa em 12 de agosto, por tempo indeterminado, ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias.

O Governo terá que fixar os serviços mínimos para a greve, depois das propostas dos sindicatos e da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.