O Presidente norte-americano considerou oficialmente o Brasil como um aliado preferencial extra-NATO, o que vai permitir ao país latino-americano adquirir mais facilmente armamento e tecnologias militares aos Estados Unidos, foi anunciado esta quinta-feira.

A determinação de Donald Trump consta de um memorando enviado ao secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, no qual determina o Brasil como aliado preferencial extra-Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), cumprindo promessa uma feita ao Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante a sua visita aos Estados Unidos em março.

O memorando, assinado pelo próprio Trump, acrescenta que a designação serve “para os fins da Lei de Assistência Externa de 1961 e para a Lei de Controlo de Exportação de Armas”.

Em maio, a Casa Branca enviara ao Congresso norte-americano uma nota com a intenção de designar o Brasil como aliado, mas perante a falta de resposta após um mês, a lei permite ao governo considerar o pedido como aprovado.

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Além do Brasil, outros 17 países têm o estatuto de aliado extra-NATO, sendo a Argentina outro aliado na América Latina desde 1997.

Em abril, durante visita a Buenos Aires na qual traçou estratégias geopolíticas em comum com a Argentina, o ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro, Ernesto Araújo, disse que a designação do Brasil como aliado extra-NATO “seria uma mudança enorme para a região em termos de estabilidade, de segurança e de tecnologia”.

Para o ministro brasileiro, a presença do Brasil e da Argentina na NATO, assim como a concretização entrada dos dois países (ainda em processo) na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), da qual já fazem parte o Chile e a Colômbia, cria na América do Sul um novo eixo.

“Será um triângulo ocidental”, definiu o ministro Araújo.

“Tanto com a OCDE quanto com a NATO desvia-se o eixo de uma aliança atlântica entre o oeste e o leste (Estados Unidos-Europa) a um eixo Norte-Sul, e completa-se um triângulo ocidental Estados Unidos-Europa-América do Sul com Brasil, Argentina, mas também Chile e Colômbia”, considerou.

Na terça-feira, o Presidente dos Estados Unidos anunciou também que pretende negociar um acordo comercial com o Brasil, abrindo portas para questões comerciais entre os dois países.

Trump não deu detalhes das negociações deste acordo comercial, mas, em conversa com jornalistas na Casa Branca, em Washington, aproveitou para elogiar o chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro.

“Tenho um ótimo relacionamento com o Brasil. Tenho um relacionamento fantástico com o Presidente [Bolsonaro]. Ele é um grande cavalheiro. Acho que ele está a fazer um ótimo trabalho” disse Trump.

“Vamos trabalhar num acordo de livre comércio com o Brasil. O Brasil é um grande parceiro comercial”, acrescentou.