A Mercedes atravessa um período de grande sucesso comercial, em que tudo lhe parece correr bem. As vendas andam lá por cima, tal como os lucros, o que tem o condão de deixar toda a gente muito satisfeita na administração. À semelhança da generalidade dos concorrentes, o construtor alemão está a realizar importantes investimentos na mobilidade eléctrica, prevendo introduzir no mercado em breve o EQC, com a gama a ser completada mais tarde.

Este investimento em veículos a bateria é certamente o maior que a Mercedes alguma vez realizou em tão curto espaço de tempo. É também o investimento a que os alemães se comprometeram com maior risco, muito provavelmente desde os primeiros anos da sua já longa história, pois se todos caminham rumo aos eléctricos, há ainda muitas dúvidas sobre a solução a adoptar, que pode não passar (ou pelo menos exclusivamente) pela alimentação por bateria.

Daí que os fanáticos do ambiente tenham ficado em polvorosa quando a Mercedes decidiu chamar a atenção nas redes sociais para o lançamento do seu novo desportivo, o AMG GLA 45 4Matic. Afirmaram os marketeers alemães que “o Verão está quente e que o novo Mercedes AMG GLA 45 4Matic vai aquecer o ambiente ainda mais com esta pintura vermelha”.

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Os mais sensíveis aos temas ambientais rapidamente acusaram a Mercedes de “destruir o planeta” e “prejudicar o futuro dos nossos filhos”. Quem respondeu ao tweet da marca, fê-lo como se o GLA 45, com 381 cv e emissões de 193 g de CO2/100 km, fosse o mais poluente da gama, esquecendo-se “apenas” dos Classe C, E e S, além de todos os SUV da gama, do GLC ao GLS, passando pelo GLE e, claro está, pelo Classe G. Sendo que as marcas concorrentes não lhe ficam atrás, em termos de emissões de dióxido de carbono nas versões mais possantes.

A Mercedes poderia tentar explicar que os meios de transporte terrestres representam apenas 14% do CO2 emitido anualmente e que muito mais é emitido pelas centrais, muitas delas ainda a carvão, que produzem electricidade para tudo, até mesmo para recarregar veículos eléctricos. Em vez disso, os alemães pediram desculpa e colocaram uma pedra sobre o assunto. De caminho, garantiram que estão a caminhar rumo a neutralidade em CO2.