Os incêndios e as alterações climáticas marcaram o último dia do Acampamento da Liberdade organizado pelos jovens do Bloco de Esquerda (BE), tendo a coordenadora nacional do partido defendido a necessidade urgente de mudanças estruturais e reordenamento do território.

“Não chega nós ficarmos comovidos com os incêndios no verão e agradecermos o extraordinário e corajoso trabalho dos bombeiros e de toda a proteção civil, nós precisamos mesmo de começar a fazer mudanças estruturais no país e essas mudanças passam seguramente também pelo ordenamento do território”, disse este domingo Catarina Martins, no parque de campismo em Martinchel, Abrantes, (Santarém), na sessão de encerramento do 16º Liberdade.

Falando aos jornalistas à margem do plenário com os cerca de 200 jovens que participaram no acampamento, e que tiveram o incêndio que lavrou no sábado em Abrantes a poucos metros de distância, a dirigente partidária disse que “nas próximas legislaturas, tem de ser uma legislatura em que as alterações no território sejam efetivas”.

“Nós conseguimos travar a liberalização do eucalipto, uma lei que vinha do anterior governo, de Assunção Cristas, mas ainda não recomeçámos a reduzir a área de eucalipto em Portugal, e ainda não começámos a ter um terreno florestal que seja mais seguro para todas as populações”, notou.

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Catarina Martins afirmou que, para o BE, “é uma prioridade que se faça um trabalho grande na floresta em Portugal”, tendo feito notar que “Portugal é um dos países da União Europeia com menos intervenção pública na floresta”.

“Deixámos a nossa floresta ao abandono e isso tem de ser resolvido”, frisou.

A coordenadora nacional do BE disse ainda que “a questão da emergência climática foi transversal a praticamente todos os painéis” que decorreram ao longo dos cinco dias do acampamento, lembrando que a proximidade do incêndio obrigou precisamente ao cancelamento do painel sobre alterações climáticas.

“O acampamento teve de parar durante algum tempo os seus trabalhos porque o incêndio chegou mesmo perto do acampamento”, notou Catarina Martins, tendo feito questão em sublinhar o “trabalho exemplar” dos bombeiros, GNR e proteção civil.

O antigo líder e fundador bloquista, Francisco Louçã, que esteve no sábado no acampamento para falar sobre “Dividadura”, foi o dirigente do BE quem esteve com os jovens durante as horas em que as chamas ameaçaram o acampamento, não tendo havido danos a registar.

Desde quarta-feira à noite, entre 200 a 250 jovens juntaram-se no parque de campismo de Castelo de Bode, em Martinchel, Abrantes, para o 16.º acampamento Liberdade, com os debates, ‘workshops’ e festas a decorrerem entre quinta-feira e hoje, com a segunda-feira reservada, conforme habitual, para a “limpeza coletiva” do espaço.