Marieme e Ndeye são duas gémeas siamesas que partilham o fígado, a bexiga, o sistema digestivo e três rins. Se forem separadas, uma delas morre. Mas se permanecerem unidas, o mais provável é morrerem as duas. Agora, o Hospital Great Ormond Street, onde as crianças estão internadas, e o pai delas estão desde janeiro a debater que passo tomar a seguir. O dilema da família e da equipa médica foi acompanhado pela BBC e resultou num documentário: “Uma Decisão Impossível”.

Ibrahima Ndiaye é do Senegal, mas mudou-se com as filhas para Inglaterra na esperança de encontrar uma solução para o problema das meninas, que tinham oito meses quando se mudaram. Se essa solução existe é neste hospital que está. Foi no Great Ormond Street que duas gémeas siamesas unidas pelo cérebro foram separadas com sucesso, como anunciou o hospital no início de julho.

Mas o caso de Marieme e Ndeye é diferente. Passaram-se dois anos e meio desde que as gémeas deram entrada no hospital e desde então que o comité ético se reúne com o pai das crianças para encontrar uma resposta ao dilema. Mas nenhuma decisão é simples de se tomar: “As decisões são mais complexas do que costumavam ser. Podemos fazer coisas inacreditáveis comparando com o que fazíamos há 20 ou 30 anos. Mas só porque podemos, não significa que devemos”, afirmou Joe Brierley, pediatra da equipa que acompanha as duas meninas.

O pai das meninas também não é capaz de tomar uma decisão: “Nesta situação, não se usa o cérebro, segue-se o coração. Qualquer decisão é desoladora. Tanta confusão. Tantas consequências”, desabafou Ibrahima. E acrescentou: “Preciso saber que dei tudo o que pude. Sou um homem de sorte por ter feito parte desta viagem. Ainda estamos nela e não sabemos como isto vai acabar”.

A decisão está sempre na mão de Ibrahima, o pai. Se as duas gémeas forem separadas, Marieme morre, mas a qualidade de vida de Ndeye aumenta consideravelmente. Se permanecerem juntas, as duas sucumbirão. É uma verdadeira corrida contra o tempo: “A morte de Marieme será o processo de morte de Ndeye. Não é possível pará-lo ou mudá-lo. E separá-las não será uma opção quando Marieme começar a morrer”, concluiu o médico Joe Brierley.

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