Foi construído no local onde antes funcionava a antiga fábrica da Camisaria Confiança. Em frente ergue-se o cofre de um antigo banco que também funcionava na rua Ateneu Comercial do Porto. O hotel Zero Box Lodge está de pé desde novembro de 2018 e é tudo menos de convencional, no ambiente que o rodeia, mas também no resto: quartos que são “caixas de madeira”, sem roupeiros e sem televisão, casas de banho com sacos de boxe e tanques no terraço onde se ouve heavy metal debaixo de água.

Certo é que o design é apenas uma das partes integrantes que faz do espaço uma construção atípica, mas o estúdio que lhe projetou o design, Atelier d’Alves, já somou quatro prémios pelo projeto que desenvolveu.

O mais recente é um dos considerados “óscares do design”, os prémios Red Dot Design Awards. O júri internacional escolheu o projeto “The Zero Hotel – Porto” como um dos vencedores na categoria “Brands and Communication”. Os prémios Red Dot Awards já contam com mais de 60 edições e avaliam projetos de mais de 50 países de todo o mundo. Os de 2019 serão entregues em novembro numa cerimónia no Red Dot Design Museum, em Essen, na Alemanha.

Mas antes deste último, nos últimos três meses a equipa já tinha recebido outras três distinções. “The Zero Hotel – Porto” valeu bronze em “Design de Sinalética”, pelo Clube Criativos de Portugal, o Award of Excellence no Design Annual 2019, na categoria de “Environmental Graphics”, pela revista americana Communication Arts, e prata no Graphis Design Annual, de Nova Iorque, também na categoria “Environmental”.

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A equipa de designers que o projetou recebeu o convite com entusiasmo. A equipa, mais habituada a projetos ligados à cultura, como livros ou cartazes, nunca antes tinha projetado o design de um hotel. Para Sérgio Alves, diretor de Arte do Atelier d’Alves, esse ponto até jogou a seu favor porque “poderia ser contraproducente sermos o típico estúdio que faz hotéis a torto e a direito”. Quiseram fazer diferente e “desde o logótipo do hotel até ao pormenor da sinalética da casa de banho, a sinalética de orientação, das cápsulas (quartos) e da entrada até o mapa do hotel orientando os hóspedes para os seis pisos”, tudo ao longo de um ano e meio de trabalho conjunto com a arquitetura e a decoração teve de resultar num uníssono.

Ao Observador, Sérgio Alves explica recusa-se a realçar elementos de design em detrimento de outros. “Eu acho que o projeto ganhou [o prémio] exatamente por avaliarem o todo”.

Os prémios vêm validar o trabalho criativo e confirmar, nas palavras do designer e professor, “um casamento feliz” com o resto da equipa, esforçada por desgarrar o projeto de um lado “intragramável” que segue “definições fáceis para chamar a atenção”.