Jair Bolsonaro referiu esta segunda-feira que vai enviar um projeto para o Congresso brasileiro com o objetivo de dar “proteção jurídica” para que as autoridades possam utilizar armas de fogo em operações sem serem alvos de processos. E não poupou nas palavras quando disse o que vai acontecer aos criminosos caso este projeto seja aprovado: “Os caras vão morrer na rua como baratas. E tem que ser assim”.

Em entrevista a Leda Nagle, transmitida no canal do YouTube da jornalista, o Presidente brasileiro garantiu que a violência no Brasil vai cair “de forma assustadora” se o seu projeto for aprovado. Este projeto defende a criação de um estatuto jurídico designado por “excludente de ilicitude”, para evitar punições de agentes da polícia que fizerem uso excessivo da força ou que matem criminosos suspeitos em operações. Bolsonaro destacou ainda o nome de Sergio Moro, ministro da Justiça e da Segurança Pública, como um “exemplo” para a diminuição do índice de violência, que já caiu “cerca de 24%”.

Para Jair Bolsonaro, há um desequilíbrio na sociedade que tem de ser resolvido. “O bandido tem mais direito do que o cidadão de bem”, atirou. “Estou a gerir um projeto que vai ter dificuldade em ser aprovado, mas não há outra alternativa. Temos que dar proteção jurídica às pessoas que fazem a segurança: polícias civis, militares, federais, rodoviários. Nas operações, o pessoal tem que usar aquela máquina que tem na cintura, ir para casa e no dia seguinte ser condecorado, não processado“, referiu ainda.

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A partir do momento que eu entro no excludente de ilicitude para defender a minha a vida e a de terceiros, a minha propriedade ou de terceiros, o meu património ou de terceiros, a violência cai assustadoramente”, considerou Bolsonaro.

Ao longo da entrevista, detalha o G1, Bolsonaro foi confrontado com vários casos de violência que tiveram lugar no país. Sobre um homem que foi preso por matar à facada dois homens no sul do Rio de Janeiro, o Presidente brasileiro afirmou: “A faca é pior do que o tiro”, lembrando que “não havia ninguém armado para dar um tiro nele”. E acrescentou: se estivesse no local, ele próprio teria disparado contra o homem.

Faltou uma arma na mão de alguém para abater o bandido de rua. E eu apanhei. Se eu estivesse armado aí, teria atirado naquele cara. O próprio polícia que chegou ali depois atirou na perna. Tinha que ter atirado no meio dele. A gente vê de vez em quando o caro que leva tiro na perna e ainda reage. Ao agir dessa maneira e o polícia tendo a garantia de que não vai ser preso, não vai responder a processo, o bandido pensa duas vezes antes de fazer besteira”, argumentou Bolsonaro.

Enquanto uns aplaudiram as palavras de Bolsonaro e a sua intenção com o excludente de ilicitude, outros foram mais críticos e relembraram os “414 assassinatos cometidos pela polícia militar em São Paulo [na primeira metade de 2019]”. “Ele está a encorajar a violência policial e acaba por servir como uma espécie de incitador da brutalidade”, referiu Ariel de Castro Alves, ativista dos direitos humanos em São Paulo, citada pelo The Guardian.