Donald Trump visitou na quarta-feira Dayton e El Paso, as cidades onde dois tiroteios com apenas 13 horas de diferença fizeram 32 mortos, incluindo um dos atiradores que foi abatido pela polícia no fim de semana. O chefe da Casa Branca ia com a intenção de consolar duas cidades em luto, mas tinha à sua espera manifestantes que repeliram a sua presença e o acusaram de racismo.

O Presidente chegou a Dayton, no Estado do Ohio, de manhã, onde visitou sobreviventes do massacre no hospital, reuniu com a equipa médica e os primeiros agentes a chegar ao local. “O trabalho que fizeram foi incrível. Quis vir aqui agradecer-vos”, disse Trump no encontro com os agentes da polícia. O Presidente tentou ser discreto e a secretária de imprensa da Casa Branca afirmou que todo o staff do Hospital Miami Valley estava “muito, muito entusiasmado” por receber o líder do país.

Patrick e Connor. Quem são os dois jovens que roubaram a vida a 32 pessoas em dois ataques nos EUA?

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda assim, segundo o The Guardian, cerca de 200 pessoas reuniram-se à porta do hospital e acusaram Trump de causar tensão racial em todo o país, exigindo ainda um maior controlo do uso de armas. “Faz alguma coisa!”, gritaram algumas pessoas, que também ergueram cartazes como frases como “Tu és a causa”. O balão “baby Trump” também marcou os protestos.

Mais tarde, no Twitter, o chefe da Casa Branca escreveu que foi uma visita “calorosa” e com “tremendo entusiasmo e amor”.

11 fotos

No mesmo tweet, Trump criticou o senador democrata Sherrod Brown (eleito pelo Estado do Ohio) e a mayor de Dayton, Nan Whaley, também democrata. O Presidente acusou ambos de descreverem incorretamente o encontro que tiveram no interior do hospital.

Brown e Whaley disseram aos jornalistas que pediram a Trump para apelar ao Senado para elaborar um projeto de lei que aumente o controlo do passado de pessoas que queiram comprar armas. Sherrod Brown pediu a Trump para prometer que ia assinar o documento. “Ele só disse que ia tratar das coisas”, disse Brown, citado pela Reuters.

Trump chamou ao senador “falhado” e disse que a conferência que os dois democratas deram aos jornalistas foi uma “fraude”.

Donald Trump viajou depois para El Paso, onde um atirador matou 22 pessoas e feriu outras 26. E foi nesta cidade hispânica do Texas que se registaram maiores momentos de tensão.

Trump foi recebido no aeroporto pelo governador do Texas, Greg Abbott, e pelo mayor de El Paso, Dee Margo. A visita estendeu-se depois ao Centro Médico Universitário de El Paso, onde Trump voltou a reunir com vítimas do tiroteio. Durante a visita, manifestantes ergueram cartazes com frases como “Volta para casa. Não és bem-vindo aqui” e “O racismo não é bem-vindo aqui”. Às agências de televisão locais, os habitantes de El Paso disseram que o discurso “racista e de ódio” de Trump contribuiu para os tiroteios.

Trump vai a El Paso e Dayton apesar de oposição local

“Ele vai causar a guerra entre nós. O racismo está a tornar-se cada vez mais comum. Os mexicanos estão fartos. Ele vai criar o caos aqui”, disse Fernando Montoya, um dos manifestantes. Trump evitou os locais dos protestos e voltou a tentar ser discreto, acompanhado pela mulher.

Beto O’Rourke — natural de El Paso e candidato à nomeação presidencial democrática em 2020 — juntou-se aos protestos.

É um país onde temos um presidente que demoniza comunidades como esta, que calunia os imigrantes, que diz que os que vêm do México são violadores e criminosos e avisa sobre invasões e infestações”, declarou o O’Rourke

“Vinte e duas pessoas da minha cidade natal estão mortas na sequência de um ato de terror inspirado pelo teu racismo. El Paso não vai ficar calada, nem eu”, já tinha escrito no Twitter o candidato a Presidente.

Mais tarde, Trump afirmou que passou uma “tarde incrível” em El Paso e que conheceu pessoas fantásticas.

[Som de mota confundido com arma gera pânico em Times Square]