Um novo dia de protestos em Hong Kong começou este sábado com uma manifestação de pais para exigir maior proteção para os filhos, à medida que cidadãos comuns são apanhados no meio de confrontos entre polícia e manifestantes antigovernamentais.

A região administrativa especial chinesa vive a nona semana de manifestações maciças, e mais protestos estão agendados para este fim de semana, apesar das restrições policiais.

A contestação social começou em junho, desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica e exigem agora reformas eleitorais e a realização de um inquérito aos alegados abusos policiais.

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Na sexta-feira, a polícia de Hong Kong informou que 592 pessoas foram presas nos protestos, desde 09 de junho, com idades entre 13 e 76 anos, e enfrentam agora acusações que, no limite, podem resultar em penas de prisão até dez anos.

Ao longo dos protestos, a polícia tem disparadou gás lacrimogéneo e balas de borracha contra os manifestantes, com estes a responderem, em algumas situações, com varas de metal, arremessos de pedras e tijolos, bem como com bombas incendiárias de fabrico caseiro.

A liderança do Partido Comunista em Pequim até agora não interferiu diretamente na situação, mas o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês já classificou os manifestantes e organizadores do protesto de “criminosos e radicais violentos”, alegando que foram inflamados por políticos de Israel, EUA e Taiwan, entre outros.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.

Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.