O homem que este sábado fez um ferido após ter entrado armado com duas caçadeiras e um colete à prova de bala numa mesquita em Bærum, nos arredores de Oslo, publicou várias mensagens de extrema-direita na internet antes do seu crime.

A notícia foi avançada pela polícia norueguesa, numa conferência de imprensa encabeçada pelo chefe da equipa responsável pela investigação do incidente de sábado, Rune Skjold. De acordo com aquele responsável, do qual se sabe apenas que tem por volta de 20 anos e que é “etnicamente norueguês”, publicou mensagens de “extrema-direita” e “anti-imigração” na Internet.

Homem abre fogo em mesquita na Noruega e deixa um ferido

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nalgumas dessas mensagens, o terrorista demonstrava admiração por Vidkun Quisling, o líder do governo da Noruega que colaborou com a Alemanha de Adolf Hitler, durante o tempo em que esta ocupou aquele país nórdico.

Alguns media noruegueses, citados pela AFP, contam ainda que, horas antes de ter entrado na mesquita e de ali ter disparado vários tiros, o terrorista tinha deixado um manifesto online onde falava de uma “guerra racial”. A confirmar-se, este incidente junta-se à lista dos outros em que, como aconteceu recentemente em Christchurch (Nova Zelândia) ou em El Paso (EUA), terroristas de extrema-direita publicaram manifestos online pouco antes de saírem à rua com o propósito de matar minorias — muçulmanos, no caso neozelandês; latino-americanos, no caso de El Paso.

Rune Skjold avançou também que a polícia está a investigar o caso como sendo uma instância de terrorismo na forma tentada e adiantou que o terrorista tem cadastro, sem ainda assim referir quais são os crimes que nele constam.

Filha do padastro encontrada morta em casa, atirador é suspeito

Apesar de o atirador não ter feito quaisquer mortos na mesquita, esta história pode ter adquirido contornos mais trágicos ainda antes de este ter partido para aquele local de culto. Isto porque, depois de o terrorista ter sido detido, as autoridades foram até à sua casa e ali encontraram o cadáver de uma menor, de 17 anos, que foi identificada como sendo a filha do padrasto do atirador.

A polícia está também a investigar este caso, sendo que o atirador é o único suspeito pela morte daquela jovem de 17 anos.

A polícia não adiantou mais pormenores sobre a morte da jovem, ficando assim mais perguntas do que respostas. Não se sequer se a jovem morreu com tiros, possivelmente disparados pelas armas que o atirador depois levou para a mesquita, ou se morreu de outra forma.

Atirador foi parado por ex-agente da força aérea do Paquistão de 65 anos

Já no sábado se tinha noticiado que o atirador não provocou uma tragédia na mesquita de Bærum porque conseguiu ser neutralizado por quem lá estava. Os primeiros relatos apontavam para três homens, fiéis que frequentavam à altura a mesquita, que teriam impedido o atirador de prosseguir.

Mohamed Rafiq, o paquistanês de 65 anos que controlou o atirador, é o segundo a contar da esquerda (TERJE PEDERSEN/AFP/Getty Images)

Porém, mais tarde, veio a saber-se que afinal fora apenas um homem a impedir um desfecho pior: Mohamed Rafiq, ex-agente da força aérea do Paquistão, de 65 anos.

“Ele começou a disparar contra dois homens e eu apanhei-o”, contou Mohamed Rafiq à BBC. “Depois peguei na pistola e nas armas e mandei-as para longe”, continuou no seu relato. De acordo com Mohamed Rafiq, que deu uma curta entrevista àquela televisão num inglês pouco fluente, contou também que durante a altura em que tentava neutralizar o terrorista este lhe enfiou o dedo dentro do olho.

Mohamed Rafiq acabou por ficar ligeiramente ferido.