As organizações ibéricas da sardinha, reunidas esta terça-feira em Vigo, Espanha, decidiram reduzir a proposta de atualização da quota da sardinha de mais de 20 mil toneladas para cerca de 19 mil toneladas ainda este ano, foi anunciado.

“Nós analisámos com bastante detalhe os dados científicos que obtivemos […] e fizemos uma atualização. Conjugando os excelentes dados científicos com as regras de exploração do ICES [Conselho Internacional para a Exploração do Mar] para a biomassa, que foi reconhecida em 223 mil toneladas [nas águas ibéricas], isso implica uma possibilidade de pesca na ordem das 19 mil toneladas para os dois países”, afirmou o consultor da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOP Cerco), Jorge Abrantes, em declarações à Lusa.

A 9 de agosto, a ANOP Cerco tinha divulgado um comunicado no qual defendia que as possibilidades de pesca deveriam ascender a 20.438 toneladas este ano, abaixo do limiar que tinha sido apontado pela mesma associação no final de julho (22.980 toneladas).

O responsável considerou ainda o recente aumento das possibilidades de pesca como “positivo”, porém, constitui “passo envergonhado”, face à “melhoria significativa” da presença de sardinha em águas ibéricas.

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Além de socorrer-se dos dados científicos, Jorge Abrantes notou que os próprios pescadores fazem diariamente uma avaliação das quantidades de sardinha disponível, constatando que, este ano, há mais pescado em abundância do que nas últimas décadas. “O que pedimos é que haja uma justa adaptação da disponibilidade do recurso às possibilidades de pesca”, considerou.

Paralelamente, as organizações ibéricas de pesca da sardinha decidiram enviar aos respetivos Governos um pedido de reunião para poderem expor os seus argumentos.

Em 1 de agosto, o Governo aumentou a quota de pesca da sardinha em 25%, o que permitirá aos pescadores capturarem este ano mais 4.000 toneladas e manterem a faina até outubro, conforme anunciou recentemente a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino.

“A biomassa cresceu 24% e nós tomámos a decisão de aumentar a quota em 25%”, afirmou a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, estimando que este aumento da quota permita “manter a pesca da sardinha até outubro”.

Os dados avançados pela governante, em Peniche, apontam para “um aumento de 1.800 toneladas” de sardinha que os pescadores vão poder pescar a mais do que a quota prevista de 2.181 toneladas, que podiam capturar, a partir do mês de agosto.