O Conselho de Segurança debateu esta sexta-feira à porta fechada a crise em Caxemira, tema que há décadas não era debatido naquele órgão das Nações Unidas. Em declarações à imprensa no final dos trabalhos, a embaixadora do Paquistão na ONU, Maleeha Lodhi, disse que a sessão permitiu demonstrar que naquela região, alvo de disputa entre Islamabad e Nova Deli, as pessoas “podem estar enclausuradas, mas as suas vozes foram hoje [sexta-feira] ouvidas nas Nações Unidas”.

Maleeha Lodhi acrescentou que as consultas no Conselho de Segurança da ONU, centradas na recente decisão indiana de condicionar a autonomia administrativa de Caxemira, “são o primeiro e não o último passo”, e terminará somente “quando for feita justiça ao povo de Jammu e Caxemira”. Por seu lado, o representante da Índia na ONU, Syed Akbaruddin, afirmou que Nova Deli está comprometida com uma solução “bilateral e pacífica” da crise desencadeada em Caxemira e insistiu no caráter democrático do governo que representa.

“Estamos comprometidos em que todos os assuntos entre a Índia e o Paquistão (…) se resolvam de maneira bilateral e pacífica”, frisou Akbaruddin, igualmente dirigindo-se aos jornalistas. O território de Caxemira é controlado em cerca de dois terços pela Índia (maioritariamente hindu) e em 37% pelo Paquistão (muçulmano, tal como a maioria dos habitantes de Caxemira). As duas potências nucleares do sul da Ásia já travaram duas guerras pelo seu controlo.

Desde 1948 que uma resolução da ONU prevê a organização de um referendo de autodeterminação em Caxemira, que se mantém letra morta face à oposição do governo indiano. Diferentes grupos separatistas combatem, há décadas, a presença de cerca de 500 mil soldados indianos na região de Jammu-Caxemira para exigir a independência do território ou a integração no Paquistão. Dezenas de milhares de pessoas, na grande maioria civis, já morreram no conflito.

Desde que a revogação do seu estatuto foi anunciada, no passado dia 05 de agosto, que a Caxemira indiana vive num “colete de forças”, com a proibição de concentrações e o reforço das forças de segurança indianas. Segundo a imprensa indiana, pelo menos 500 pessoas foram detidas esta semana em Jammu-Caxemira. O Conselho de Segurança não aprovou nenhuma declaração no final da sessão à porta fechada, que foi pedida pela China e pelo Paquistão.

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