A concessionária do porto de Sines, a PSA, está descontente com as várias greves marcadas pelos estivadores desde o início do ano e ameaça mesmo rasgar o contrato de investimento assinado com o Estado para expandir o terminal de contentores, no valor de 547 milhões de euros.

Isso mesmo garantiu uma fonte oficial da empresa ao Jornal Económico, explicando que o projeto de alargamento está “em risco” devido ao “contexto de instabilidade laboral” que se tem feito sentir dentro do porto de Sines. “Neste momento, todo o projeto está em risco, mas iremos continuar (em conjunto com o Governo português e com os restantes parceiros sociais que queiram ser parte da solução) os esforços necessários para resolver a situação atual”, afirmou o responsável da empresa de Singapura ao jornal.

Em causa está o conjunto de reivindicações dos trabalhadores que se acentuaram desde o início deste ano e que a empresa vê com “estranheza”: “Temos, estranhamente, desde o início de 2019 vindo a ser confrontados com um conjunto de reivindicações (que já sustentaram três greves desde o início do ano) que começaram por pedidos de aumentos salariais automáticos e garantidos de 15% média, mais inflação, até temas de cariz mais individual”, queixou-se a mesma fonte. O custo dessas greves, garante a PSA, é o equivalente a “nove milhões de euros em serviços desviados para outros terminais da região”, ou seja, uma queda de 25% face ao mesmo período do ano passado, segundo o Jornal Económico.

O grupo sindical independente Sindicato XXI marcou uma primeira greve no terminal em maio. Atualmente, decorrem duas novas greves, uma às horas extraordinárias e outra a três horas em cada turno. Ao longo dos últimos meses, a PSA decidiu não renovar contrato com cerca de 10% dos seus trabalhadores, passando a sua força de trabalho de mil para 900 trabalhadores.

O Jornal Económico contactou o ministério do Mar sobre a possibilidade de a PSA desistir do projeto de investimento na expansão do porto, mas este preferiu não fazer comentários.

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