As autoridades chinesas utilizaram cerca de um milhar de contas do Twitter e várias páginas do Facebook para desacreditar e dividir os manifestantes pró-democracia em Hong Kong, anunciaram esta segunda-feira as duas redes sociais.

A rede social Twitter anunciou que suspendeu 936 contas que “são coordenadas como parte de uma operação chinesa” para “minar a legitimidade e as posições políticas” dos manifestantes, disse numa mensagem.

De acordo com o comunicado do Twitter, a maioria das contas foram acedidas através de VPNs, porque a rede social está bloqueada na China. As 936 contas divulgadas pelo Twitter “representam as porções mais ativas desta campanha”, detalha a rede social, explicando que uma rede maior, composta por cerca de 200 mil contas, “foram suspensas antes de se tornarem substancialmente ativas no serviço”.

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“Assumimos o compromisso de entender e combater a forma como os nossos serviços são usados de má-fé”, assume o Twitter, que divulgou uma série de links com as informações detalhadas de todas as contas bloqueadas.

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Já a rede social Facebook salientou que removeu, pelas mesmas razões, cinco contas, sete páginas e três grupos, também relacionados com “pessoas associadas ao Governo de Pequim”. Num comunicado, o Facebook explica que recebeu informações do Twitter sobre a operação levada a cabo por aquela rede social e decidiu iniciar a sua própria investigação.

Há mais de dois meses que Hong Kong é palco de protestos, marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que tem usado balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo.

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Em 1 de julho, alguns manifestantes invadiram mesmo o parlamento de Hong Kong.

Mais recentemente, o aeroporto de Hong Kong foi palco de manifestações, com as autoridades a serem obrigadas a cancelar centenas de voos numa das infraestruturas aeroportuárias mais movimentadas do mundo.

A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei da extradição garantem estar agora em causa.

Para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.