A organização não-governamental (ONG) espanhola Open Arms anunciou, esta madrugada, que recebeu autorização para desembarcar oito pessoas “a necessitar de ajuda urgente”, entre as 107 que estão retidas ao largo da costa italiana há 18 dias.

“Quem não quer ver a situação insustentável a bordo é porque é incapaz de sentir empatia pela dor alheia”, escreveu a organização, depois de informar que a retirada destas pessoas, cuja situação e condições não foram reveladas, foi “autorizada”, noticia a agência de notícias espanhola Efe.

A crise da Open Arms, que mantém mais de 100 pessoas bloqueadas no mar há 18 dias, agudizou a tensão entre os governos de Espanha e Itália, e destes com a própria ONG, que continua a ver negada a possibilidade de rumar às Baleares e já propôs levar os viajantes de avião para Espanha.

“Para dar dignidade aos resgatados, eles podiam transferi-los para Catania, na Sicília, e daí levá-los para Madrid. Alugar um Boeing para 200 pessoas tem um custo de 240 euros por passageiro”, disse Riccardo Gatti, chefe de missão da Open Arms em Itália, aos jornalistas presentes na doca de Lampedusa, na segunda-feira.

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A Open Arms tinha já feito saber que aceitaria que os migrantes fossem para algum porto das ilhas Baleares, caso Itália e Espanha “coloquem os meios necessários” à disposição para garantir a segurança e êxito da operação.

Isto, depois de, no domingo, o capitão do navio humanitário ter rejeitado as “inviáveis” ofertas do governo espanhol para navegar até ao porto de Algeciras, primeiro, e depois a algum das Baleares – em Maiorca ou Menorca -, devido à situação “desesperada” que se vive a bordo.

A tripulação alegou a impossibilidade de assumir mais alguns dias de travessia com 107 pessoas em condições extremas, amontoadas no convés com ataques de ansiedade, lutas e até alguns dos migrantes resgatados a atirarem-se ao mar no domingo, tentando nadar 800 metros até chegarem a Lampedusa.