Imagine que um site de roupa quer mostrar-lhe que par de sapatos vende. Como explica o Facebook, a página pode enviar para a rede social informação a dizer quais os dispositivos que estiveram a ver certa peça de vestiário. “Se esta informação coincidir com a conta de um utilizador do Facebook [ou Instagram], podemos mostrar anúncios de sapatos a essa pessoa”, continua. Contudo, e para cumprir promessas recentes de que os utilizadores vão ter mais controlo dos seus dados pessoais, a plataforma vai disponibilizar uma nova ferramenta que permite saber que sites estão a enviar a sua informação para a empresa fundada e liderada por Mark Zuckerberg. Chama-se “Off-Facebook Activity” [“Atividade fora do Facebook”, em português] e fica disponível já esta terça-feira. Para já, só vai estar disponível em Espanha, Coreia do Sul e Irlanda, mas chega a Portugal “daqui a uns meses”, diz a rede social.

O Facebook justifica receber este tipo de informação de sites e aplicações terceiras porque só assim é que podem ser gratuitos: “São suportados por publicidade online”. No entanto, como “em média, cada pessoa tem mais de 80 aplicações no smartphone e utiliza apenas 40 em cada mês, pode ser bastante difícil para as pessoas saber quem tem informação sobre si e para que é que é utilizada”. Por isso, o “Off-Facebook Activity” tem como objetivo “esclarecer um pouco mais estas práticas” que, como diz a rede social, “são comuns mas nem sempre são bem compreendidas”.

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O “Off-Facebook Activity” vai permitir ao utilizador ver uma lista das aplicações e sites que enviam informação e, se este assim o desejar, desautorizar a utilização dos dados. Se o utilizador quiser, pode desautorizar o uso dos dados apenas para sites e aplicações específicas e não para todas. O Facebook afirma que, se o utilizador optar por esta solução, “não vai utilizar nenhuns dados para voltar fazer publicidade direccionada”.

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Segundo a rede social que detém, além do Facebook, outras plataformas como o WhatsApp ou o Instagram, diz que para construir esta ferramenta foi necessário “redesenhar os sistemas e construir uma nova forma para processarem informação”.

Em março de 2018, foi divulgado pelo Channel 4, The Guardian e pelo The New York Times, que a Cambridge Analytica utilizou o Facebook para obter indevidamente os dados pessoais de 87 milhões de perfis. Com esta informação, a empresa influenciou eleições. O Facebook teve conhecimento da apropriação dos dados, mas não procedeu devidamente, o que culminou numa coima multimilionário para a empresa gerida por Mark Zuckerberg. Desde aí, a rede social tem estado debaixo de fogo e tenta recuperar a confiança dos utilizadores. Este ano, Zuckerberg prometeu que quer dar mais poder aos utiizadores para controlarem os seus dados e a empresa promete que vai criar mais ferramentas como esta.

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