O cabeça de lista do PSD da Madeira nas legislativas regionais, Miguel Albuquerque, acredita que o partido vai renovar a maioria absoluta, considerando que qualquer outro cenário seria “trágico” e acabaria com a autonomia.

“As perspetivas do PSD para o próximo ato eleitoral é ganhar as eleições”, afirmou Miguel Albuquerque, em entrevista à agência Lusa sobre as eleições marcadas para 22 de setembro.

O atual líder dos sociais-democratas e presidente do Governo Regional defendeu que no atual quadro político “é fundamental que essa maioria seja expressiva” no arquipélago, para o partido “constituir governo com segurança”. Caso contrário, considera que há o risco de surgirem “coligações negativas, com comunistas e a extrema esquerda, que vão dar cabo da Madeira e acabar com a autonomia”.

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Mas o candidato do PSD insular está convicto de que “vai ganhar, porque o povo madeirense vai voltar a depositar a confiança num partido” que “cumpriu integralmente o seu programa”.

Albuquerque diz que os partidos da oposição “andam há 42 anos a falar de alternativa [na Madeira]”, mas sublinha que “mudar para pior os madeirenses não querem”. No seu entender, uma opção de mudança seria “para uma alternativa, que não é alternativa nenhuma, é degeneração, retrocesso, paralisia económica e instabilidade política”.

Para Miguel Albuquerque, um cenário político de coligação semelhante ao que resultou das eleições legislativas nacionais, em que o partido mais votado foi afastado do Governo por uma coligação entre PS, BE e CDU, “seria trágico para a Madeira”.

“Em primeiro lugar, porque todas as conquistas autonómicas, aquilo que foi construído por duas gerações na Madeira estaria hipotecado para o futuro”, realçou o cabeça de lista social-democrata regional. Depois, complementou, os outros partidos “são telecomandados a partir de Lisboa”, estando “infiltrados por agentes do PS de Lisboa, que quer tornar-se no partido hegemónico do regime”. “E, obviamente, essa gente não tem nada a ver com a autonomia política, com os direitos e liberdades e garantias dos madeirenses, nem com aquilo que foi feito pela Madeira e na região ao longo destes quatro decénios”, declarou.

Também uma coligação na região seria “trágica para as empresas, a empregabilidade, para os direitos dos madeirenses, além de acabarem com a autonomia política, que é o alicerce fundamental do desenvolvimento, dos direitos e liberdades dos madeirenses enquanto povo”, disse.

Contudo, se o PSD precisar de um outro partido para formar maioria, “nunca será à esquerda”, assegurou, mencionando que isso “seria mau, porque os governos de coligação são sempre mais instáveis por natureza”.

A continuação das políticas de desenvolvimento económico, contas públicas em ordem, a internacionalização da economia e da área cultural, aumento das exportações, apoios sociais às famílias, às empresas e à empregabilidade, redução de impostos, a construção do novo hospital, a captação de investimento e um conjunto de valências no Centro Internacional de Negócios, foram algumas das medidas que apontou para a nova legislatura.

Miguel Albuquerque também considerou imprescindível que a Madeira tenha um sistema fiscal próprio, para que o desenvolvimento regional “não fique dependente de terceiros”. “O Governo da República tem sido um travão a muitas das aspirações dos madeirenses por razões iminentemente político-partidárias”, criticou.

O PSD tem assegurado consecutivamente maiorias absolutas ao longo de quatro décadas, tendo nas legislativas regionais de 2015 eleito 24 dos 47 deputados que compõem o parlamento madeirense, obtendo 56.574 votos (44,36%).

PCTP/MRPP assume-se “partido dos pobres” e contra “usurpadores” da autonomia

A candidatura do PCTP/MRPP às eleições, encabeçada por Fernanda Calaça, promete lutar pelo “resgate da autonomia e pelo bem-estar do povo da região”, contra a “classe dominante e seus lacaios”.

“O nosso partido é um partido dos pobres, temos que lutar pelos pobres”, afirma Fernanda Calaça em entrevista à agência Lusa, indicando que o objetivo nas regionais de 22 de setembro é “eleger um deputado” e, desse modo, “honrar os votos” que lhes derem.

Dos 94 candidatos do PCTP/MRPP, 33 são mulheres e a “esmagadora maioria” são trabalhadores da hotelaria, pescadores, operários da construção civil, desempregados, donas de casa e comerciantes.

A candidatura representa assim quem é mais explorado e oprimido nesta região autónoma e a nossa voz nunca se calará em sua defesa, para uma sociedade sem explorados nem oprimidos”, sublinha a cabeça de lista.

Fernanda Calaça tem 69 anos e é reformada, tendo já sido primeira candidata às eleições regionais de 2015, bem como às nacionais desse ano pelo círculo da Madeira, e foi também cabeça de lista do PCTP/MRPP à Câmara Municipal de Machico, na zona leste da ilha, de onde é natural, nas eleições autárquicas de 2017.

“Ao contrário do que as trombetas eleiçoeiras e demagógicas anunciam, a situação do povo trabalhador da Madeira e do Porto Santo em nada se alterou substancialmente de há cinco anos para cá”, considera, sublinhando que a autonomia político-administrativa foi “usurpada pela classe dominante e seus lacaios”.

Por isso, o partido bate-se “contra as ilusões eleiçoeiras” e apresenta propostas como a fixação do horário de trabalho em 35 horas semanais, o aumento das pensões e reformas de valor inferior ao salário mínimo para o limite mínimo de 615 euros, a abolição de taxas moderadoras no serviço de saúde da região, a construção urgente de novo hospital e a renacionalização da TAP.

Fernanda Calaça defende também a abolição das proibições ou limitações da captura de peixe nos mares do arquipélago, pois considera que o setor das pescas “está numa desgraça”.

A candidata do PCTP/MRPP alerta, por outro lado, para a dimensão da dívida pública da região autónoma, afirmando que registou apenas uma descida “ligeira e artificial”, situando-se nos 5.190 milhões de euros em 2018.

A cabeça de lista propõe, como forma de ultrapassar as contingências, que a autonomia se transforme num “movimento de emancipação política e cultural” e que imponha transferência de “todos os poderes políticos e administrativos” para alçada regional, com exceção da Defesa Nacional, o Supremo Tribunal de Justiça, a representação externa e a moeda.

Nas eleições legislativas regionais de 2015, o PCTP/MRPP obteve 2.137 (1,68%), não conseguindo eleger deputados.

Iniciativa Liberal alerta para “bipolarização negativa” e conta eleger grupo parlamentar

O cabeça de lista da Iniciativa Liberal, Nuno Morna, considera que o cenário político na região autónoma é de “bipolarização negativa” e conta eleger um grupo parlamentar para contribuir para uma mudança de panorama.

“A nossa esperança é que as pessoas nos entendam e que ganhemos as eleições”, disse em entrevista à agência Lusa, sublinhando, no entanto, que o partido é “realista” e, se eleger apenas um deputado, “estará sempre na disposição de viabilizar acordos, caso a caso, para aprovar leis que sejam liberais”.

Nuno Morna entende que região autónoma está perante um cenário de “bipolarização negativa” nas eleições de 22 de setembro, marcado por uma “falta completa de ideologia” e por uma disputa entre o PSD, que governa o arquipélago há quatro décadas, e o PS.

“Há dois partidos a tentar o tudo por tudo para convencer os eleitores de que, entre um e o outro, não há mais opções”, disse, sublinhando que o fazem “pela negativa”, porque o discurso político é “muito baixo” e assenta numa “contenda entre inimigos e não numa contenda entre adversários”.

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“Falta completamente ideologia, até porque, na nossa perspetiva, os dois principais partidos são da mesma área ideológica – social-democrata, socialista – não vejo diferenças nenhumas nisso”, realçou.

O cabeça de lista da Iniciativa Liberal esclareceu que o partido é formado por pessoas “situadas ao centro e mais inclinadas para a direita”, mas garantiu que não se trata de um “fragmento” da direita, constituindo antes um “reaparecimento do liberalismo”.

“Para ganharmos as eleições regionais temos de ter, pelo menos, 24 deputados [número que garante a maioria absoluta] e obviamente que essa é sempre a perspetiva”, realçou, afirmando que “ninguém pode ir para uma eleição sem pensar que tem o melhor programa, as melhores pessoas e as melhores soluções”.

Nuno Morna, que tem 58 anos e é técnico de informação e comunicações aeronáuticas, mas também ator, encenador e promotor cultural, assume, no entanto, que o partido é igualmente “realista”.

Podemos dizer agora, e são poucos os partidos que o podem dizer, que vamos ter o melhor resultado de sempre nas eleições regionais [porque é a primeira vez] e gostávamos muito de ter um grupo parlamentar na Assembleia Legislativa”, disse.

Nesse caso, a Iniciativa Liberal admite viabilizar acordos para aprovar leis liberais, mas não equaciona participar em coligações para autorizar governos minoritários.

“A nossa preocupação é só uma: criar as condições para que, no dia 22 de setembro, elejamos um grupo parlamentar, o resto logo se verá”, salientou.

Nuno Morna indicou, por outro lado, que o partido vai apresentar ao eleitorado madeirense 180 propostas para transformar a região autónoma, entre as quais a criação de um sistema fiscal próprio e com redução de impostos, a aposta na economia do mar, no ambiente e na educação, bem como no setor da saúde, onde privilegia a manutenção das infraestruturas existentes em vez da construção de novas unidades.

“Mais vale manter aquilo que temos do que andar a construir e a ‘betonizar’ cada vez mais a Madeira, esquecendo que tudo aquilo que se constrói depois temos que manter”, alertou.

PTP quer mais deputados para lutar contra “hegemonia” dos grupos económicos

A cabeça de lista do PTP às eleições legislativas da Madeira, Raquel Coelho, quer “manter e reforçar” a representação parlamentar e estabelece como prioridade lutar contra a “hegemonia dos grupos que condicionam toda a economia” regional.

“Dar dignidade, trabalhar com mais ética: essa é a nossa missão, que é hercúlea, mas possível de concretizar”, afirmou em entrevista à agência Lusa, sublinhando que, para a Madeira se desenvolver, tem de funcionar em “livre mercado” e “não pode haver empresários protegidos pelo sistema político”.

Raquel Coelho disse que o objetivo do PTP nas eleições de 22 de setembro é colocar os recursos da região ao serviço dos madeirenses e porto-santenses, defendendo os direitos dos trabalhadores e ajudando os “eternos esquecidos da política regional”: os reformados e pensionistas.

“Obviamente que esperamos manter e reforçar a representação parlamentar”, salientou a candidata, realçando que o PTP se assume como uma “força decisiva” para fazer a defesa do povo do arquipélago.

O partido conta atualmente com um deputado na Assembleia Legislativa da Madeira, a própria Raquel Coelho, num total de 47, sendo a maioria – 24 – do PSD.

“Se houver um conjunto de partidos que tenha no seu programa de governo políticas que vão ao encontro do nosso programa, nós temos é mais que apoiar”, disse a candidata, vincando que não se pode “comprometer mais do que isto” em relação a possíveis coligações.

Raquel Coelho alertou, no entanto, para a “falta de determinação e coragem” dos partidos do arco do poder em romper com os “vícios do passado”, considerando que a região foi “capturada por interesses privados” nos últimos quarenta anos.

Interesses estes que gravitam em torno dos três grandes partidos da região – PSD, CDS, PS – e são forças e grupos económicos que basicamente enriqueceram à conta do orçamento regional, com o empobrecimento das famílias da Região Autónoma da Madeira”, declarou.

A candidata trabalhista entende que a falta de “coragem política” para pôr cobro a esta situação resultou num “clima de festa permanente”, em que os poderes instituídos procuraram ludibriar os madeirenses com a realização de espetáculos durante todo o ano, que custam milhões de euros ao erário público.

Raquel Coelho tem 31 anos e é licenciada em Gestão de Empresas. É filha do ex-presidente do PTP José Manuel Coelho, recentemente condenado em tribunal a três anos e meio de prisão efetiva por crimes de difamação agravada e desobediência.

José Manuel Coelho é o quinto na lista de candidatos ao parlamento regional e será, por outro lado, o cabeça de lista do PTP pelo círculo da Madeira às eleições legislativas nacionais de 06 de outubro.

“Aquilo que têm feito com ele é inaceitável e não há ninguém, que eu tenha tido a possibilidade de abordar, que concorde com a ignominiosa e horrível condenação a uma pena de cadeia de três anos e meio”, disse a candidata, advertindo que, por isso, os partidos próximos do poder judicial podem ser prejudicados nos resultados eleitorais, uma vez que “os madeirenses não gostam de injustiças”.