O salário mínimo mensal dos venezuelanos era esta terça-feira equivalente a 2,46 euros, o valor mais baixo de sempre, um ano depois de o Presidente do país anunciar um plano de “recuperação económica” para combater a crise.

Na Venezuela, o salário mínimo mensal, publicado na Gazeta Oficial (equivalente ao Diário da República em Portugal), é de 40.000,00 bolívares soberanos e, segundo o Banco Central da Venezuela, à taxa de câmbio oficial desta terça-feira, um euro tinha o valor de 14.642,86 bolívares, um pouco mais baixo que os 15.121,00 do mercado paralelo.

“Não faço nada com o salário mínimo, um quilograma de fiambre custa dois salários mensais (80.000 bolívares). Diariamente eu pago 4.000,00 bolívares em autocarro, porque há problemas com o Metropolitano. Com apenas isto, sem comprar comida de verdade, fiquei sem salário”, explicou um professor universitário à agência Lusa.

Júlio Dolande, 58 anos, disse receber um pouco mais de salário, devido à quantidade de horas em que dá aulas e alguns trabalhos de ‘freelancer’, mas insiste que “a situação está verdadeiramente muito crítica”.

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Honestamente, digo, agradeço a Deus porque os meus filhos estão no estrangeiro. Não me enviam dinheiro porque trabalham para sobreviver no Panamá e na Argentina, mas pelo menos não tenho de os manter. Não me dão, mas também não me pedem (nada)”, frisou Júlio Dolande.

O realizador Edgar Roca explicou que para sobreviver as pessoas têm de ter trabalhos adicionais.

“As pessoas têm de ter pelo menos dois empregos e ainda assim passam sérias dificuldades”, referiu, adiantando que em fevereiro deixou o trabalho anterior e o que recebeu de indemnização apenas conseguiu “comprar uma pizza para duas pessoas”.

Vários portugueses explicaram à agência Lusa que um quilograma de carne de vaca, de qualidade intermédia, custa mais ou menos o mesmo que um mês de salário.

Por outro lado, um salário mínimo mensal equivale a três quilogramas de farinha de milho ou três quilogramas de arroz e cinco pães.

Os últimos dados divulgados pela Assembleia Nacional da Venezuela (parlamento, onde a oposição tem maioria) dão conta de que o índice nacional de preços ao consumidor registou um aumento nos preços de 1.579,20% no primeiro semestre deste ano e que a inflação interanual foi de 264.872,90%.