A Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou esta sexta-feira que as ações de combate à malária deveriam chegar à maioria da população dos 29 países mais afetados pela doença, podendo assim evitar quatro milhões de mortos em dez anos.

Se as intervenções atuais contra a malária chegassem a 90% da população de 29 países onde ocorrem 95% dos casos, evitavam-se 4 milhões de mortes até 2030, revela um estudo da Organização Mundial de Saúde, divulgado esta sexta-feira.

Ainda de acordo com o relatório do Grupo Consultivo Estratégico da Organização Mundial da Saúde, OMS, sobre Erradicação da Malária, publicado esta sexta-feira, esta expansão das intervenções custaria cerca de 34 mil milhões de dólares (30,7 mil milhões de euros), mas representaria um impacto económico positivo de cerca de 283 mil de dólares (cerca de 256 mil milhões de euros) no Produto Interno Bruto desses países.

Os benefícios seriam ainda maiores entre algumas das populações mais vulneráveis, como as crianças com menos de cinco anos, que representam 61% de todas as vítimas mortais.

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Segundo o último relatório mundial da malária da OMS, o mundo não deve cumprir as metas para 2030 estabelecidas na estratégia técnica global da OMS para a malária 2016-2030, que era alcançar uma redução de 90% na incidência de casos de malária e taxa de mortalidade.

Todos os anos, o número global de novos casos de malária ultrapassa os 200 milhões, sendo que a cada dois minutos uma criança morre desta doença tratável. As taxas de infeção pela doença mantêm-se desde 2015.

Ainda segundo o documento, mais de 90% das 400 mil mortes anuais provocadas pela malária ocorrem na África Subsaariana. Por isso, o documento destaca a necessidade de uma maior aposta em pesquisa e desenvolvimento, considerando, que, ao ritmo atual, o mundo não deverá conseguir cumprir os objetivos traçados até 2030.

A aceleração da pesquisa e desenvolvimento é fundamental para cumprir esse objetivo, diz a OMS. Neste momento, menos de 1% do financiamento nesta área da saúde vai para o desenvolvimento de ferramentas para combater a malária.

Numa nota, o diretor-geral da OMS, citado pelo ONU News, o jornal das Nações Unidas, disse que “libertar o mundo da malária seria uma das maiores conquistas em saúde pública”. Para Tedros Ghebreyesus, “com novas ferramentas e abordagens, essa visão pode se tornar uma realidade.”

Já o presidente do Grupo Consultivo da OMS, Marcel Tanner, disse que é necessário “reforçar a motivação para encontrar estratégias e ferramentas transformadoras que podem ser adaptadas à situação local.” Segundo este responsável, manter a situação atual “não está apenas a atrasar o progresso, mas sim a fazê-lo recuar.”

De acordo com o relatório publicado esta sexta-feira, a maioria das ferramentas utilizadas para combater a malária foi desenvolvida no século passado, como mosquiteiros tratados com inseticida, pulverização residual interna, testes de diagnóstico e medicamentos. Isto, apesar de novas abordagens promissoras de diagnóstico, medicamentos e inseticidas estarem a ser desenvolvidas.

Um dos melhores exemplos disso é a primeira vacina de malária do mundo, que já foi usada em Gana e Malaui e deve agora ser introduzida no Quénia. Por outro lado, em muitos países, o acesso aos serviços de saúde continua a ser um grande desafio.

Em África, apenas uma em cada cinco mulheres grávidas a viverem em áreas de moderada a alta transmissão da doença têm acesso aos medicamentos necessários. E só metade das pessoas em risco dormem sob uma rede tratada com inseticida. Assim, o documento defende a necessidade de se repensarem novas abordagens.

Em novembro de 2018, a OMS lançou uma iniciativa que se foca nos 11 países com 70% da carga mundial de malária, 10 países africanos e a Índia, para melhorar os resultados.

O Grupo Consultivo da OMS publicou o relatório antes de um fórum da agência dedicado ao tema que acontece em Genebra em 9 de setembro de 2019, indica o ONU News.