O Banco norte-americano de Exportações e Importações (EXIM) vai propor ao Congresso dos Estados Unidos a disponibilização de 4,5 mil milhões de euros de empréstimo para o projeto de gás natural no norte de Moçambique.

“Se for aprovado, a transação apoiará as exportações norte-americanas de bens e serviços para a engenharia e construção de uma central de gás natural líquido e as respetivas instalações”, lê-se num comunicado difundido na quinta-feira em Washington por esta agência federal norte-americana dedicada a apoiar e financiar as exportações dos Estados Unidos.

O financiamento de cerca de 4,5 mil milhões de euros do EXIM “pode apoiar a criação de 16.400 empregos durante os cinco anos de construção da central”, a que se juntam mais milhares de empregos gerados no país e 600 milhões de dólares em receitas para os contribuintes norte-americanos, segundo a mesma nota.

O projeto de gás natural na bacia do Rovuma, no norte de Moçambique, é uma das mais extensas reservas de gás natural ainda por explorar no mundo, devendo ter um impacto muito importante na economia moçambicana.

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O plano de desenvolvimento da Área 1 da Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, a província mais a norte de Moçambique, está avaliado em 25 mil milhões de dólares – o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) do país, ou seja, a riqueza que produzida a cada ano.

Os projetos de gás natural devem entrar em produção dentro de aproximadamente cinco anos e colocar a economia do país a crescer mais de 10% ao ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras entidades.

Para lá chegar, a Área 1 vai investir 25 mil milhões de dólares que vão ser utilizados para furar o fundo do mar, sugar o gás natural através de 40 quilómetros de tubagens para uma nova fábrica em que vai transformado em líquido, na península de Afungi, distrito de Palma.

Ao lado desta fábrica vai ser construído um cais para navios cargueiros especiais poderem ser atestados com gás natural liquefeito (GNL), que vai ser vendido sobretudo para mercados asiáticos (China, Japão, Índia, Tailândia e Indonésia), mas também europeus, através da Eletricidade de França, Shell ou a britânica Cêntrica.

Haverá ainda uma parcela mais pequena que vai ficar no país e que será canalizada para produção de eletricidade, transformação em combustíveis líquidos e adubos, em Moçambique.

Tudo deve estar pronto lá para 2024: o plano da Área 1 prevê inicialmente duas linhas de liquefação de gás com capacidade total de produção de 12,88 milhões de toneladas por ano (medição para a qual se usa a sigla mtpa), sendo que o empreendimento pode crescer até oito linhas.

Além da norte-americana Anadarko, que lidera o consórcio com 26,5%, o grupo que explora a Área 1 é constituído pela japonesa Mitsui (20%) e a petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo participações menores à a indiana ONGC (10%) e à sua participada Beas (10%), à Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%).

A Anadarko deve ceder a liderança do consórcio à francesa Total até final do ano, depois de ser comprada (processo ainda em curso) por outra petrolífera dos EUA, a Occidental, que por sua vez celebrou um acordo para venda dos ativos em África.