“Ganhar é para capitalistas”. Este é o mote para a nova versão “socialista” do “Monopólio”, um dos jogo de tabuleiro mais conhecidos em todo o mundo. Depois de ter lançado versões que mudam ligeiramente as regras, como o “Monopólio Pokémon” ou o “Monopólio Bolsa”, a Hasbro, que detém os direitos do jogo, fez uma versão paródia — à semelhança do “Monopólio Millenials” — que brinca sobre como seriam aplicadas regras socialistas ao jogo original, e recebeu críticas.

Na base do jogo há um fundo comunitário que, como explica o o utilizador do Twitter Nick Kapur, paga sempre o que é preciso caso o jogador não tenha dinheiro. Problema? “O fundo comunitário está sempre a ficar sem dinheiro”, conta Kapur. Depois, para pagar impostos, quem paga é também este fundo comunitário, mas tem de dar o dinheiro ao banco.

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À semelhança do Monopólio tradicional, ao completar cada volta ao tabuleiro do jogo, o jogador recebe dinheiro. Contudo, nesta versão chama-se “living wage” (ou “salário mínimo”) e tem um valor menor do que o valor da versão original porque “o socialismo faz toda a gente mais pobre”, refere o mesmo utilizador, citando as mensagens contidas nos cartões de jogo.

As regras dizem: “Podemos viver numa utopia socialista, mas isso não significa que a vida é perfeita. Tira um carta de sorte e experimenta o lado mau: temos problemas com os nossos vizinhos, os nossos projetos comuns podem correr mal, estamos constantemente a votar para agitar as coisas, e há sempre uma emergência que leva a recorrermos ao fundo comunitário”.

Algumas cartas que os jogadores podem receber deturpam o princípio do socialismo e brincam com conceitos atuais como as “preocupações ambientais”. Numa carta de sorte que o jogador pode receber, a boa notícia é: “Toda a gente gostou dos biscoitos de tofu que fizeste em honra do aniversário do Karl Marx”. Outra carta permite tirar dinheiro a outros jogadores porque “estão demasiado bem”.

Quem critica esta paródia do socialismo feita pela Hasbro, como o caso de Kapur, diz que esta “deturpa as teorias do socialismo”. O utilizador afirma mesmo que comprou a versão porque achava que era “pró-socialismo”. O próprio notou a ironia de a versão base do Monopólio não ser propriamente um hino ao capitalismo mas sim uma crítica — já que o objetivo é levar os outros jogadores à banca rota.

O senador Ted Cruz defende Hasbro: “Porque é que os académicos esquerdistas têm medo das falhas do socialismo”?

Com a Hasbro a ser criticada, houve também quem a defendesse. A figura mais proeminente foi o político e senador republicano Ted Cruz. No Twitter, o também antigo candidato presidencial escreveu várias mensagens a brincar com outras edições que podiam ser feitas: “Podíamos fazer a edição venezuelana: começamos (nos anos 50) com o índice per capita mais alto do mundo e acabamos nas ruas com falhas massivas de comida e medicamentos”.

O jogo estava à venda online, mas depois de ter ter estalado a polémica, foi retirado da página do retalhista Target, onde se encontrava disponível. A Hasbro ainda não prestou comentários.