“Ganhar é para capitalistas”. Este é o mote para a nova versão “socialista” do “Monopólio”, um dos jogo de tabuleiro mais conhecidos em todo o mundo. Depois de ter lançado versões que mudam ligeiramente as regras, como o “Monopólio Pokémon” ou o “Monopólio Bolsa”, a Hasbro, que detém os direitos do jogo, fez uma versão paródia — à semelhança do “Monopólio Millenials” — que brinca sobre como seriam aplicadas regras socialistas ao jogo original, e recebeu críticas.
I bought a copy of Hasbro's mean-spirited and woefully ill-informed "MONOPOLY: SOCIALISM" board game so you don't have to – a thread 1/ pic.twitter.com/YhZWDjkAnj
— Nick Kapur (@nick_kapur) August 21, 2019
Na base do jogo há um fundo comunitário que, como explica o o utilizador do Twitter Nick Kapur, paga sempre o que é preciso caso o jogador não tenha dinheiro. Problema? “O fundo comunitário está sempre a ficar sem dinheiro”, conta Kapur. Depois, para pagar impostos, quem paga é também este fundo comunitário, mas tem de dar o dinheiro ao banco.
À semelhança do Monopólio tradicional, ao completar cada volta ao tabuleiro do jogo, o jogador recebe dinheiro. Contudo, nesta versão chama-se “living wage” (ou “salário mínimo”) e tem um valor menor do que o valor da versão original porque “o socialismo faz toda a gente mais pobre”, refere o mesmo utilizador, citando as mensagens contidas nos cartões de jogo.
As regras dizem: “Podemos viver numa utopia socialista, mas isso não significa que a vida é perfeita. Tira um carta de sorte e experimenta o lado mau: temos problemas com os nossos vizinhos, os nossos projetos comuns podem correr mal, estamos constantemente a votar para agitar as coisas, e há sempre uma emergência que leva a recorrermos ao fundo comunitário”.
Voting is also mocked. Maybe because voting creates market uncertainty for big banks and monopoly capitalists from whose perspective this game was apparently designed? Voting is portrayed as serving mainly to "shake things up" and something socialists are "constantly" doing. 16/ pic.twitter.com/TYlqGtCJ6p
— Nick Kapur (@nick_kapur) August 21, 2019
Algumas cartas que os jogadores podem receber deturpam o princípio do socialismo e brincam com conceitos atuais como as “preocupações ambientais”. Numa carta de sorte que o jogador pode receber, a boa notícia é: “Toda a gente gostou dos biscoitos de tofu que fizeste em honra do aniversário do Karl Marx”. Outra carta permite tirar dinheiro a outros jogadores porque “estão demasiado bem”.
Likewise, because "socialism" allegedly hates people doing well, a card lets you confiscate wealth from someone with some sort of vote. But then, rather than actually redistributing that wealth to those less well off, the wealth is simply destroyed and removed from the game. 15/ pic.twitter.com/6WwHZLKppG
— Nick Kapur (@nick_kapur) August 21, 2019
Quem critica esta paródia do socialismo feita pela Hasbro, como o caso de Kapur, diz que esta “deturpa as teorias do socialismo”. O utilizador afirma mesmo que comprou a versão porque achava que era “pró-socialismo”. O próprio notou a ironia de a versão base do Monopólio não ser propriamente um hino ao capitalismo mas sim uma crítica — já que o objetivo é levar os outros jogadores à banca rota.
O senador Ted Cruz defende Hasbro: “Porque é que os académicos esquerdistas têm medo das falhas do socialismo”?
Com a Hasbro a ser criticada, houve também quem a defendesse. A figura mais proeminente foi o político e senador republicano Ted Cruz. No Twitter, o também antigo candidato presidencial escreveu várias mensagens a brincar com outras edições que podiam ser feitas: “Podíamos fazer a edição venezuelana: começamos (nos anos 50) com o índice per capita mais alto do mundo e acabamos nas ruas com falhas massivas de comida e medicamentos”.
Why to Leftie academics so fear pointing out the manifest failures of socialism? https://t.co/Z2CRzffUo0
— Ted Cruz (@tedcruz) August 22, 2019
O jogo estava à venda online, mas depois de ter ter estalado a polémica, foi retirado da página do retalhista Target, onde se encontrava disponível. A Hasbro ainda não prestou comentários.