Depois de conquistar a melhor classificação desde que chegou ao Moto GP há duas semanas, quando ficou em oitavo no Grande Prémio da Áustria, Miguel Oliveira chegava ao GP da Grã-Bretanha com a ideia de que era possível não só ficar dentro dos pontos como lutar de forma razoável e natural por um espaço entre os dez primeiros. Para isto, mais do que o resultado da última prova, contribuía o fim de semana de qualificação para a corrida britânica, que teve laivos de brilhantismo e acabou com uma desilusão.

Histórico: Miguel Oliveira faz melhor resultado de sempre no MotoGP com o oitavo lugar na Áustria

Na primeira sessão da qualificação, Miguel Oliveira foi o piloto mais rápido da KTM e registou mesmo o oitavo melhor tempo — adivinhando-se, desde logo, uma presença história do português nas primeiras linhas da grelha de Silverstone. Contudo, e depois de ser logo um segundo mais lento na segunda sessão, o piloto natural de Almada acabou por não conseguir mais do que o 15.º melhor tempo de todo o pelotão, saindo da quinta linha do grid na Grã-Bretanha. Lá à frente, Marc Márquez conquistou mais uma pole position, Valentino Rossi foi o segundo mais rápido e Jack Miller fechou a primeira linha da grelha.

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Logo na primeira curva, depois de um bom arranque de Marc Márquez, Fabio Quartararo perdeu o controlo da mota e provocou a queda de Dovizioso, que seguia um pouco atrás — os dois pilotos saíram a alta velocidade pela escapatória e caíram de forma violenta, com a Ducati do italiano a incendiar-se por alguns segundos. Quartararo levantou-se pouco depois do acidente mas Dovizioso ficou no chão, praticamente imóvel, e estipulou-se durante algum tempo que o mais provável seria aparecer a bandeira vermelha, que adiaria a corrida. Ainda assim, os comissários e os bombeiros presentes em pista acabaram por retirar o piloto de maca de forma rápida e o Grande Prémio prosseguiu. Quartararo e Dovizioso abandonaram a prova de imediato, o francês saiu de pista pelo próprio pé e o italiano foi transportado para o centro médico do circuito para ser avaliado.

Na corrida, Miguel Oliveira arrancou muito bem e chegou ao 12.º lugar em poucas voltas. Mais à frente, Márquez agarrou a liderança e viu Rossi perder o segundo lugar para Álex Rins, que não dava muito espaço ao espanhol. Numa altura em que estava totalmente envolvido numa luta pelo nono lugar que pertencia a Petrucci — estava apenas dois centésimos mais lento do que o italiano e mais um do que Pol Espargaró, que era décimo –, Oliveira foi totalmente abalroado por Johann Zarco, da Yamaha Tech 3. O piloto português ficou sentado no chão depois de cair e depressa se percebeu que não voltaria à pista: terminando uma série absolutamente impressionante de 35 corridas consecutivas sem abandonar, num percurso que começou no Moto 2 e se estendeu para o Moto GP. Segundo a Sport TV, instantes depois da prova acabar, o piloto português está bem e não sofreu qualquer lesão.

Na decisões, Marc Márquez permitiu a ultrapassagem de Álex Rins em mais do que uma ocasião mas entrou para a última curva na liderança: na reta da meta, tal como tinha acontecido com Dovizioso na Áustria, o piloto espanhol perdeu na velocidade de ponta e acabou por deixar escapar o primeiro lugar para Rins. Em terceiro, Maverick Viñaçes foi mais forte do que Valentino Rossi e fechou o pódio. Mesmo sem a vitória, a verdade é que Marc Márquez tem praticamente assegurado o quarto título mundial consecutivo de Moto GP: ainda que matematicamente seja possível que Andrea Dovizioso alcance o piloto da Honda no topo da tabela, a verdade é que Márquez já entrou para este GP da Grã-Bretanha com 58 pontos de diferença e dilatou essa vantagem não só ao ficar em segundo como beneficiando da desistência do italiano.