Um estudo da Universidade de Coimbra revela que as escolas secundárias reabilitadas pela Parque Escolar poderiam reduzir até 36% o consumo de energia térmica se os sistemas fossem ajustados à ocupação das salas de aula e horários letivos.

De acordo com as conclusões do estudo a que a agência Lusa teve acesso, “se, no início de cada ano letivo, os sistemas ativos de gestão centralizada (ar condicionado, iluminação, ventilação) fossem ajustados em função da ocupação das salas de aula e dos horários letivos”, as escolas secundárias reabilitadas pela empresa pública Parque Escolar “poderiam reduzir entre 20% e 36% do consumo de energia térmica útil e melhorar significativamente a Qualidade Ambiental Interior”.

O estudo, realizado pela investigadora Luísa Dias Pereira, no Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), no âmbito da sua tese de doutoramento, incidiu sobre oito escolas secundárias reabilitadas pela Parque Escolar, nas quais, ao longo de dois anos letivos, foram realizadas campanhas de monitorização da Qualidade Ambiental Interior.

A investigação avaliou vários parâmetros relacionados com as condições ambientais do interior dos edifícios escolares, nomeadamente o nível de conforto térmico, temperatura, humidade relativa e concentrações de dióxido de carbono (CO2), entre outros.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com uma nota da FCTUC, com base nos parâmetros observados, “foi desenvolvida uma metodologia que permite estabelecer planos de eficiência energética personalizados, ou seja, consoante as características de cada estabelecimento de ensino”. “De seguida, esta metodologia foi aplicada em casos de estudo em duas das oito escolas avaliadas com características diferentes”, acrescenta.

Citada no comunicado, Luísa Dias Pereira afirma que, ajustando o funcionamento dos sistemas ativos dos edifícios em função do número de alunos nas salas de aula e dos horários letivos, “é possível otimizar a eficiência energética sem comprometer o conforto e a saúde dos seus ocupantes, conseguindo-se obter uma redução entre 20% e 36% do consumo de energia térmica útil nas escolas”.

“O número de alunos e os horários variam de ano para ano. Por isso, é importante que, no início de cada ano letivo, as direções das escolas olhem para a ocupação que vão ter, sobretudo nas salas de aula, e ajustem os sistemas que são necessários nesses espaços de acordo com o número de ocupantes”, recomenda a investigadora.

“No fundo, o que propomos é uma abordagem metodológica abrangente sobre o consumo de energia que permite tirar partido das novas funcionalidades introduzidas nas escolas pela intervenção da Parque Escolar”, argumenta Luísa Dias Pereira.

No âmbito deste estudo, publicado na revista científica Energy Efficiency, foi ainda elaborado um manual de boas práticas “que estabelece os principais princípios de atuação para a definição de planos de eficiência energética nas escolas”, refere a FCTUC.

A investigação, integrada no projeto “3Es” (Escolas Energeticamente Eficientes), foi financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e orientada pelo professor Manuel Gameiro da Silva.