Desde 1961 que, no momento de preencher uma certidão de casamento, as noivas no Bangladesh tinham três opções para o seu estado civil: eram divorciadas, viúvas ou “kumari”, que significa “virgem”. Isso está prestes a mudar. Agora, o Supremo Tribunal do Bangladesh ordenou a remoção da palavra “kumari” das certidões e a substituição pela palavra “celibatária”, ou seja, uma mulher que nunca casou. Essas mesmas opções também vão passar a constar nos documentos do noivo, que até agora não tinha de expor o seu estado civil nas certidões.

De acordo com o The Guardian, as três palavras que constam neste momento nas certidões de casamento entregues às mulheres obedecem às leis islâmicas do matrimónio. E o Bangladesh, sendo o terceiro maior país com uma população maioritariamente islâmica, onde 90% das pessoas seguem essa religião, segue-as à risca. Isso terminará em outubro, quando a decisão do tribunal for publicada e as mudanças se tornarem oficiais, num passo importante para a luta pela igualdade de género naquele país.

Em declarações à Reuters, o funcionário de um notariado na capital do país confirmou que os escritórios estão à espera de ordens do Ministério da Justiça para colocar em prática a decisão do Supremo Tribunal, conhecida no domingo. “Conduzi muitos casamentos em Daka e perguntaram-me muitas vezes porque é que os homens têm a liberdade de não revelar o seu estado, mas as mulheres não. Sempre lhes disse que isso não estava nas minhas mãos. Agora já ninguém me vai fazer essa pergunta”, comentou Mohammad Ali Akbar Sarker.

Estas mudanças estão a ser debatidas em tribunal desde 2014, quando foi feita uma petição para modificar a forma como as informações sobre o estado civil são apresentadas. Para Aynun Nahar Siddiqua, uma advogada e defensora dos direitos das mulheres no Bangladesh ouvida pelo Aljazeera, a conclusão dessa batalha é “um veredito histórico”: “É uma decisão que nos dá a crença de que podemos lutar e criar mais mudanças para as mulheres no futuro”, afirmou.

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