Em 2013, quando deixou o FC Porto ao fim de três temporadas para rumar ao Mónaco, James Rodríguez era apontado como umas das grandes promessas do futebol internacional. Essa previsão tornou-se mais palpável um ano depois, quando o colombiano trocou o Principado por Espanha e assinou pelo Real Madrid. Depois de uma temporada de estreia ao mais alto nível — e aquela que continua a ser a melhor época da carreira de James –, seguiram-se dois anos mais discretos, sempre fustigados por algumas lesões e com cada vez menos espaço numa equipa que começou a jogar à imagem e semelhança de Zidane. No verão de 2017, James pediu para ser emprestado.

Em Munique, tornou-se uma das figuras mais importantes do Bayern e formou, em conjunto com Ribéry, Robben, Lewandowski, Gnabry e companhia, uma frente de ataque de luxo que garantiu ao clube a conquista da liga alemã nas duas temporadas que James passou no país — ainda que tenha perdido preponderância na última época. O empréstimo de dois anos terminou no final da temporada passada e o colombiano regressou ao Real Madrid: onde já sabia que não tinha espaço, onde já sabia que não era desejado, mas de onde sabia que seria difícil sair. Depois de ter estado muito perto de assinar pelo Nápoles antes de os jogos oficiais começarem, James acabou por ser incluído no plantel — pelo menos a curto prazo — devido à praga de lesões que afetou os merengues no final da pré-época e no início da liga espanhola (Hazard, Mendy, Rodrygo, Jovic, Courtois, Asensio e Brahim estão todos entregues ao departamento médico e só o guarda-redes é que não é uma solução ofensiva). Este sábado, na segunda jornada do Campeonato, o Real Madrid recebeu o Valladolid no Santiago Bernabéu: e James, para surpresa geral, era titular.

James esteve dois anos emprestado aos alemães do Bayern

A comunicação social atribuiu a integração de James no onze inicial de Zidane à falta de opções para o ataque e ainda à boa atitude do jogador, já que o colombiano cumpriu a pré-temporada com a equipa, mesmo sabendo que dificilmente seria utilizado, e não criou ondas de choque dentro do grupo de trabalho. De repente, parecia que James Rodríguez poderia acabar por entrar nas contas do treinador francês, naquele que seria um degrau importante e em rota ascendente na carreira do colombiano. Entrou em campo com a camisola merengue 826 dias depois de ter jogado a última vez pelos espanhóis e quase dois meses depois de ter entrado num relvado pela última vez, já que não participava numa partida desde o final de junho, quando a Colômbia foi eliminada pelo Chile na Copa América. Mas a sorte, mais uma vez, voltou a não estar do lado de James.

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Ao fim de 57 minutos em campo — em que até foi um dos melhores dos merengues, sempre ativo e a criar oportunidades de golo –, lesionou-se e pediu para ser substituído. No dia seguinte, o Real Madrid comunicou que o jogador se lesionou no sóleo, o músculo que fica debaixo do gémeo. Na melhor das hipóteses, James fica de fora durante duas a três semanas: falhando o jogo da próxima jornada, com o Villarreal, os dois compromissos particulares da seleção da Colômbia e regressando a meio de setembro, para enfrentar o Levante. Na pior das hipóteses, James fica de fora durante um mês: e falha a próxima jornada, as partidas da Colômbia, quatro jogos da liga espanhola (incluindo a visita ao Atl. Madrid) e ainda o primeiro encontro da fase de grupos da Liga dos Campeões.

O colombiano lesionou-se durante o jogo com o Valladolid, depois de ter sido titular, e acabou por sair a meio da segunda parte

Além de tudo isto, James Rodríguez está esta quarta-feira nas capas de todos os jornais desportivos espanhóis — não pela lesão, não pela recuperação mas por aquilo que Héctor Fabio Cruz, antigo médico da seleção colombiana, disse sobre o jogador. O ex-membro do staff colombiano explicou que James se lesionou porque não cumpre os planos de recuperação delineados pelos clubes ou pela seleção e ignora os cuidados que tem de ter. “Esse rapaz está desconcentrado, em vez de estar a trabalhar para a temporada que se aproximava foi arranjar as sobrancelhas e cortar o cabelo. Tinha era de estar a trabalhar. As equipas grandes, como o Real Madrid, assumem que os jogadores são profissionais, que se preparam, mas este rapaz está mal da cabeça”, defendeu Héctor Fabio Cruz, que acrescentou ainda que a lesão de James era “previsível”, por ter estado tanto tempo fora da competição e “a ir de festa em festa” e deu ainda o exemplo de Cristiano Ronaldo.

“O Cristiano tirou uma semana de férias, foi para as Ilhas Gregas de iate com a família e na semana seguinte estava a trabalhar com 15 pessoas a temporada seguinte. É o tipo mais profissional que conheço. O James saiu do Mundial lesionado [em 2018] e foi para a praia, contratou jatos privados, todo relaxado e isso não pode ser. Depois da Copa América foi para Medellín, sem trabalhar”, concluiu o médico. Entretanto, e enquanto o colombiano está lesionado, o Sport garantiu já esta semana que Jorge Mendes, empresário do jogador, está a tentar forçar uma saída de James para o Nápoles, os principais interessados antes do início oficial da temporada.