O presidente da Liga Portuguesa de Bombeiros, Jaime Marta Soares, congratulou-se esta sexta-feira com a libertação das verbas pelo Governo para o plano de renovação da frota de ambulâncias do INEM, considerando que “imperou o bom senso”.

Jaime Marta Soares comentava assim em declarações à agência Lusa a notícia o anúncio pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) de que vai avançar com o plano de renovação da frota de ambulâncias depois de o Governo ter concluído “o processo de análise” de libertação de verbas.

“O bom senso imperou. O que se estava a passar colocava em causa a prestação de um socorro que se exige ser de qualidade de utilização de ferramentas que possam nem pôr em risco quem vai socorrer nem quem é socorrido”, disse.

No entendimento de Jaime Marta Soares, sem uma renovação da frota das ambulâncias (muitas têm 12 anos) não era possível levar a cabo uma boa prestação de socorro.

“O governo refletiu, e bem, e entendeu que estava a ir por um caminho inaceitável e altamente prejudicial para a segurança das vidas dos portugueses. A nossa intervenção e de muitos setores responsáveis chamaram a atenção e ainda bem porque assim se evitou um erro tremendo”, disse.

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Jaime Marta Soares lembrou ainda que “os bombeiros não reivindicam nada para si, mas para os portugueses um socorro de qualidade”.

Na quinta-feira, o INEM anunciou que o Governo concluiu o processo de análise, estando assegurados os montantes necessários à renovação de 75 ambulâncias afetas aos Postos de Emergência Médica (PEM) pelo INEM, através de um despacho.

O INEM sublinha que, com esta libertação de verbas, o INEM irá ainda dar continuidade à renovação das suas próprias ambulâncias.

Em comunicado, o INEM refere ainda que, neste momento, estão a ser preparados os procedimentos necessários à assinatura dos protocolos com os corpos de bombeiros, prevendo que ocorram durante o mês de setembro.

Na semana passada foi noticiado que o INEM previa comprar este ano 75 novas ambulâncias para equipar os postos de emergência médica, mas o Ministério das Finanças não autorizava o uso do dinheiro necessário, apesar de a verba ser do próprio instituto.

Segundo documentos a que a agência Lusa teve acesso e de acordo com a Liga dos Bombeiros Portugueses, em causa estão 75 novas viaturas para a renovação da frota de ambulâncias afetas aos corpos de bombeiros e a delegações da Cruz Vermelha, que compõem os postos de emergência médica.

Para a renovação das viaturas, o INEM tinha apresentado em 2017 à tutela um plano plurianual – entre 2018 e 2021 – tendo invocado a “absoluta necessidade de renovação” das ambulâncias, devido à idade elevada das viaturas, muitas delas com mais de 12 anos, e a indisponibilidade em que ficam por motivos de avaria mecânica.

Documentos consultados pela Lusa mostram que o então secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, deu a concordância a este plano e em 2018 foram renovadas 75 ambulâncias dos postos de emergência, ainda entregues pelo anterior ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

Para 2019, o INEM previa adquirir mais 75 ambulâncias e teve de submeter ao Ministério das Finanças um pedido de autorização para recorrer aos saldos de gerência do instituto de anos anteriores, num montante a rondar os cinco milhões de euros.

Contudo, as Finanças apenas autorizaram um milhão de euros.

Após a divulgação desta notícia, o Ministério das Finanças indicou que estava a ser analisado um reforço orçamental extraordinário para a compra, este ano, de ambulâncias.